Folha de S.Paulo

Próxima etapa marca retorno de Zanetti

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Na esteira da contração do esporte olímpico nacional após os Jogos do Rio, o Brasil vai deixar de abrigar uma etapa da Copa do Mundo de ginástica artística, circuito organizado pela federação internacio­nal da modalidade.

O país recebeu o evento por dois anos consecutiv­os, em 2015 e 2016, em São Paulo, sempre no mês de maio.

O ginásio do Ibirapuera foi o palco do torneio, que viu atletas de alto nível internacio­nal nas duas temporadas.

Em importânci­a, a Copa do Mundo só perde para o Mundial e os Jogos Olímpicos.

À Folha, a CBG (Confederaç­ão Brasileira de Ginástica) confirmou a não realização da etapa paulistana em 2017 e atribuiu a perda do evento ao cenário de instabilid­ade.

“Realizamos duas etapas de muito sucesso nestes dois últimos anos, mas neste momento, diante da instabilid­ade política e da crise econômica vivenciada no Brasil, não seria ideal assumir esse compromiss­o”, diz a entidade.

Outro fator que contribuiu para a desistênci­a foi o patrocínio da Caixa Econômica Federal à CBG, que não teve sua manutenção confirmada para o próximo ciclo olímpico.

A renovação do acordo deve ocorrer, porém com diminuição de valor —entre 2013 e 2016, a estatal destinou R$ 35 milhões aos cofres da CBG.

A Caixa já sinalizou a outras entidades esportivas que patrocina, como a Confederaç­ão Brasileira de Atletismo e o Comitê Paralímpic­o Brasileiro, que fará corte de até 20% em seus respectivo­s repasses na comparação com o ciclo olímpico passado.

A estatal foi a principal apoiadora das etapas da Copa do Mundo em São Paulo nas temporadas anteriores. Organizar cada uma delas custou cerca de R$ 500 mil.

O governo do Estado de São Paulo cedeu o Ibirapuera, que é de sua posse. Outros parceiros privados também aportaram recursos.

Indagada sobre o quanto a indefiniçã­o em relação ao repasse do banco pesou para a não realização, a CBG se esquivou e disse que sua é prioridade não é o campeonato.

“Estamos planejando o ciclo até Tóquio-2020. Temos ginastas retornando de cirurgias e se recuperand­o de lesões, e também diante da já mencionada situação que estamos vivenciand­o, que é a crise econômica e política em nosso país, não é um ano interessan­te para a realização da Copa do Mundo.”

A confederaç­ão disse que pode voltar a organizar a etapa da Copa do Mundo no próximo ano, mas desde que tenha “condições favoráveis”.

Antes de tê-la de volta em 2015, o Brasil havia ficado nove anos sem receber uma etapa da Copa. São Paulo fora sede duas vezes, em 2005 e 2006 —nessa ocasião, abrigou a superfinal, que reuniu os melhores do circuito—, e o Rio em 2004.

Quando recuperou o evento, a CBG disse que sediá-lo seria trunfo na preparação para a Rio-2016.

A ginástica artística foi um dos esportes mais bem-sucedidos para o Brasil nos Jogos Olímpicos, com três medalhas conquistad­as em 2016.

Foram duas de prata, com Arthur Zanetti (argolas) e Diego Hypolito (solo), e outra de bronze, com Arthur Nory (também no solo). Além disso, Flávia Saraiva ficou próxima de ir ao pódio ao obter a quinta posição na trave.

Em Londres-2012, Zanetti havia ganhado ouro na prova que é sua especialid­ade. TOSTÃO Excepciona­lmente, o colunista não escreve nesta quarta (26)

DE SÃO PAULO

Nesta temporada, a próxima etapa da Copa do Mundo ocorrerá em maio na cidade de Koper (Eslovênia). A disputa marcará a volta às competiçõe­s de Arthur Zanetti, que após os Jogos Olímpicos do Rio passou por uma cirurgia no ombro esquerdo.

Com mais de oito meses de afastament­o, o paulista projeta que o ano será de recuperaçã­o. Ele espera ter uma ascensão gradativa com vistas aos Jogos Olímpicos de Tóquio, em julho de 2020.

Zanetti já afirmou que vai tentar, no Japão, um terceiro pódio olímpico consecutiv­o, o que seria uma façanha.

Jamais um ginasta conquistou três medalhas seguidas na prova de argolas.

Até hoje, ele e outros 12 atletas amealharam duas láureas no aparelho —ele levou o ouro em Londres-2012 e uma prata na Rio-2016.

Além dele, Flávia Saraiva, Rebeca Andrade e Francisco Barretto, que também competiram na última Olimpíada, estão relacionad­os para o torneio esloveno.

Logo na sequência será disputada uma outra etapa da Copa, em Osijek, na Croácia, que também deve contar com a maioria destes ginastas. Até o final desta temporada serão realizadas paradas da competição na Hungria, França e Alemanha.

O principal compromiss­o do calendário é o Campeonato Mundial de Montréal (Canadá), que ocorrerá entre 2 e 8 de outubro. Na última edição do evento, em Glasgow, o Brasil terminou sem medalhas, mas festejou a classifica­ção inédita da equipe masculina para a Olimpíada.

Na Rio-2016, o grupo, do qual Zanetti e Barretto fizeram parte, foi à final e terminou na sexta posição.

Mesmo sem grande expectativ­a, Zanetti tentará voltar ao pódio de um Mundial.

Ele foi vice-campeão em 2011 (em Tóquio), campeão em 2013 (Antuérpia) e prata em 2014 (Nanning).

Em Glasgow, há dois anos, acabou surpreendi­do e não ficou entre os oito finalistas.

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Lalo de Almeida - 3.mai.2015/Folhapress Henrique Flores e Arthur Zanetti (à dir.) comemoram medalhas conquistad­as na prova de argolas na etapa de São Paulo da Copa do Mundo em 2015

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