Masmorra secreta é encontrada em distrito policial nas Filipinas
Presos, que não tinham acusação formal, dizem que agentes pediram suborno para soltá-los
Comandante afirma que eles foram detidos na guerra às drogas feita por presidente, que já deixou 7.000 mortos
Uma masmorra secreta, sem janelas nem iluminação, foi encontrada pela Comissão de Direitos Humanos das Filipinas nesta quinta-feira (27) em uma inspeção surpresa ao distrito nº 1 da Polícia Nacional, na capital Manila.
Dentro do cativeiro, cuja entrada era escondida por uma estante de madeira, estavam 13 homens e mulheres. “Era tão quente lá dentro que as câmeras embaçaram”, diz o fotojornalista Vincent Go, que acompanhou a inspeção.
O diretor da comissão em Manila, Gilbert Boisner, descobriu o local ao bater nas paredes do distrito. Numa das salas, ouviu-se a voz de uma mulher pedindo ajuda.
A Comissão visitou a unidade policial após receber uma denúncia de que até 30 pessoas já haviam sido mantidas no cárcere e só saíam se pagassem suborno.
Entrevistados nesta quinta, os detidos disseram que os valores exigidos pela polícia variavam de 40 mil a 200 mil pesos (de R$ 2.500 a R$ 12.700, pelo câmbio de hoje).
Ao diretor da Comissão de Direitos Humanos, afirmaram estar presos ali por vári- os dias, à espera de que seus parentes conseguissem juntar o dinheiro. Se não conseguissem, afirmam os encarerados, seriam mortos.
Questionado por jornalistas, o chefe do distrito, Robert Domingo, não apresentou nenhum boletim de ocorrência relacionado aos detidos.
Disse que eles foram presos como parte da guerra às drogas do presidente Rodrigo Duterte, e estavam à espera de que a burocracia se encerrasse para serem liberados.
O comandante negou que a cela fosse clandestina. O espaço, segundo ele, havia sido montado devido à superlotação das celas regulares.
Em outubro de 2016, quandoa Folha visitou este mes-