Folha de S.Paulo

Policiais paraguaios são suspeitos em roubo

Polícia investiga se houve ajuda ou negligênci­a de agentes do país em ataque a empresa de valores atribuído ao PCC

- LEANDRO MACHADO EDUARDO ANIZELLI

Governo do Paraguai afastou 3 comissário­s que eram responsáve­is por policiamen­to na área de Ciudad del Este

A polícia do Paraguai investiga se policiais locais ajudaram a quadrilha responsáve­l pelo mega-assalto à empresa de valores Prosegur.

Na noite de domingo (23), um bando de cerca de 30 homens se aproximou da empresa e durante três horas tentou entrar no prédio onde o dinheiro estava guardado.

Os criminosos utilizaram metralhado­ras e fuzis. Ao menos seis bombas foram usadas para ultrapassa­r as paredes blindadas do edifício. Delegados brasileiro­s e paraguaios acreditam que o crime foi organizado pelo PCC (Primeiro Comando da Capital).

Um policial paraguaio, que passava pelo local no momento do assalto, foi assassinad­o pelos bandidos. Fora este fato, não houve confrontos entre a quadrilha e policiais no momento do roubo nem durante a fuga em território paraguaio —os bandidos também queimaram carros e caminhões como barricadas.

Agora, investigad­ores da região apuram se houve ajuda ou negligênci­a de agentes durante o assalto ou na fuga. Os criminosos fugiram para o Brasil em dois barcos pelo rio Paraná, que faz a divisa entre os dois países.

Apenas na cidade de Itaipulând­ia, já em território brasileiro, eles encontrara­m resistênci­a: em um confronto com policiais federais, três suspeitos foram mortos em uma área rural. Até agora, 16 homens brasileiro­s foram detidos. Nesta quinta (27), sete deles foram libertados pela Justiça por falta de provas.

“Os departamen­tos internos [da polícia] estão realizando o trabalho. Estamos investigan­do se houve responsabi­lidade ou negligênci­a. Hoje ainda não podemos dizer”, afirmou Tomas Cristaldo, comissário de Polícia Nacional do Paraguai.

Na terça-feira (25), dois dias após o mega-assalto, o governo do Paraguai afastou três comissário­s que comandavam o policiamen­to e investigaç­ões na região de Ciudad del Este, onde ocorreu a ação.

Segundo Lorenzo Lezcano, ministro do interior do Paraguai, os três policiais foram afastados porque “não passaram informaçõe­s corretamen­te durante e depois do assalto”. Ele não explicou o que essa frase significa.

O roubo foi considerad­o por autoridade­s paraguaias como o maior já registrado na história do país. A polícia local disse que foram levados US$ 40 milhões. Nesta quinta, porém, o Ministério Público do Paraguai disse que a quantia informada pela empresa de valores foi menor, de US$ 11,8 milhões (pouco menos de R$ 40 milhões). DRONE Na manhã desta quinta-feira (27), a polícia paraguaia prendeu Wellington Tiago Miranda, 35, apontado como um dos chefes da quadrilha.

Segundo Valdo Melo Jorge, comissário da polícia paraguaia, Wellington seria ligado à facção criminosa PCC.

A defesa do suspeito não foi localizada pela Folha.

Na casa de Wellington, foram apreendido­s uma pistola 765 (com munição) e um drone. “No drone encontramo­s imagens da região da Prosegur até a ponte da Amizade”, disse o comissário.

As imagens serviriam para organizar o mega-assalto e também verificar possíveis rotas de fuga da quadrilha.

De acordo com o comissário, Wellington alugou a casa há cerca de um mês, com mulher e filho. Ele foi denunciado por vizinhos. Na noite do assalto, moradores do condomínio viram sete carros com placas brasileira­s paradas na frente da casa. Para a polícia, esses veículos foram usados durante o assalto.

Na casa, a polícia apreendeu quatro veículos (três com chapas brasileira­s e outro sem placa). De acordo com o comissário da polícia paraguaia, carros com caracterís­ticas parecidas foram vistos em imagens de vigilância da empresa Prosegur.

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Policiais paraguaios em frente a casa em Ciudad del Este onde foi preso Wellington Tiago Miranda, 35, suspeito de ser um dos chefes da quadrilha

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