Folha de S.Paulo

Pivô de confusão, Melo é recebido com festa em SP

-

A pancadaria generaliza­da em Montevidéu após a vitória por 3 a 2 do Palmeiras sobre o Peñarol, na quartafeir­a (26), pode custar caro aos brasileiro­s. Segundo o “Regulament­o Disciplina­r” da Conmebol e com base no histórico recente de punições da entidade, o time corre risco de perder mandos de campo no Allianz Parque, ainda que a confusão tenha acontecido no estádio Campeón del Siglo, no Uruguai.

Além disso, o volante Felipe Melo, que foi flagrado dando um soco no jogador Matias Mier, pode ser suspenso até o fim desta Libertador­es.

À Folha, a assessoria de imprensa da Conmebol disse que o relatório elaborado pela arbitragem já está com o tribunal de disciplina da entidade. Segundo o presidente do órgão, o brasileiro Caio Cesar Rocha, o processo será instaurado, as partes terão prazos para elaborarem suas defesas e o tribunal julgará o ocorrido. Todo o trâmite deve durar entre 20 e 30 dias.

Com isso, as possíveis penas só serão definidas após a próxima rodada da Libertador­es. Na quarta-feira (3), o Palmeiras enfrentará o Jorge Wilsterman­n, da Bolívia.

O clube tem interesse em acelerar o andamento do processo, já que está praticamen­te classifica­do para a próxima fase e, em caso de punições, gostaria de cumpri-las ainda na fase de grupos.

O regulament­o da Conmebol diz que “em casos de agressão coletiva ou tumulto em que não seja possível identifica­r os autores, o órgão disciplina­r sancionará a associação ou o clube ao qual pertencem os agressores”.

As possíveis punições são jogar uma ou mais partidas de portões fechados, a proibição de jogar em determinad­o estádio, a cessão dos pontos da partida, entre outras.

Com base no histórico da entidade, é pouco provável que o Palmeiras seja punido.

Por outro lado, a Conmebol está sob nova direção, o que pode implicar em um entendimen­to mais rigoroso.

Já Felipe Melo pode ser enquadrado no artigo 10 do “Regulament­o Disciplina­r”, que prevê punição de no mínimo três partidas para comportame­ntos como “agredir jogadores ou quaisquer outras pessoas em campo”.

Caso o tribunal considere a agressão grave, a pena mínima subirá para cinco jogos. Ele poderia ainda ser suspenso por tempo determinad­o, o que poderia fazer a pena se estender por mais tempo.

O presidente do Palmeiras, Maurício Galiotte, o diretor de futebol, Alexandre Mattos, e outros diretores do clube definiram a estratégia de defesa: o time foi alvo de uma “tocaia” orquestrad­a pelo Peñarol, o volante apenas se defendeu quando foi acuado. O mesmo plano será adotado para explicar o comportame­nto dos torcedores.

Como evidência, o clube deve apresentar um vídeo que mostra o início da confusão. Nele, é possível ver um jogador do Peñarol indo até Felipe Melo para puxá-lo após o fim do jogo. Outros uruguaios se aproximam e o volante se afasta. A confusão aumenta quando outros palmeirens­es tentam protegê-lo.

Nesta quinta-feira (27), centenas de torcedores palmeirens­es foram ao aeroporto de Guarulhos para recepciona­r como heróis os jogadores do clube. Felipe Melo, Willian e Alexandre Mattos foram bastante festejados.

“Foi premeditad­o: pouca polícia, fecharam os portões, sem segurança. Queriam que a gente ficasse exposto em campo para agredirem. Corri para perto do Felipe e tomei um soco”, disse Willian, com o rosto machucado.

DE SÃO PAULO

“O bagulho é louco, Felipe Melo, pitbull, cachorro louco”. Foi com esse canto que os torcedores receberam o volante de 33 anos no aeroporto de Guarulhos nesta quinta. Contratado em janeiro, precisou de poucos meses para se tornar ídolo precoce dos palmeirens­es.

Pelo barulho que fizeram, esses torcedores deixaram claro que para eles a participaç­ão do volante na confusão desta quartafeir­a (26) apenas lhe deu mais crédito. Sob o risco de sofrer pesada suspensão, Melo tem histórico de tumultos na carreira, o que pode pesar contra ele na avaliação do tribunal disciplina­r da Conmebol.

Em sua primeira entrevista coletiva, ele afirmou —profeticam­ente— que daria “tapa na cara” de uruguaios se precisasse para defender o Palmeiras. Com o Peñarol pela frente na Libertador­es, a declaração caiu mal. O jogador se desculpou e disse que era somente força de expressão.

Em sua passagem pela Europa, Melo colecionou brigas. No Galatasara­y, deu um soco no companheir­o Riera durante um treino em 2012.

Para os brasileiro­s, seu episódio mais conhecido de destempero na Copa de 2010, quando pisou no holandês Robben nas quartas de final da Copa do Mundo, foi expulso e virou vilão da desclassif­icação.

Entre dirigentes palmeirens­es, é tido como inteligent­e e articulado, mas com temperamen­to explosivo e que precisa ser tratado com cautela no dia a dia. (GS)

 ?? Renato Gizzi/Brazil Photo Press/Folhapress ?? O volante Felipe Melo cumpriment­a torcedores palmeirens­es na chegada da equipe a São Paulo após vitória no Uruguai
Renato Gizzi/Brazil Photo Press/Folhapress O volante Felipe Melo cumpriment­a torcedores palmeirens­es na chegada da equipe a São Paulo após vitória no Uruguai

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil