Folha de S.Paulo

CRÍTICA Velho oeste galáctico é muito divertido

Com heróis sem caráter, universo de ‘Guardiões da Galáxia 2’ não tem ninguém que preste

- CHICO FELITTI

FOLHA

O provável sucesso cinematogr­áfico do semestre não está numa galáxia muito distante, mas numa sala muito perto de você. Estreou na quinta (26) “Guardiões da Galáxia 2”, continuaçã­o do filme que adaptou um gibi quase desconheci­do da Marvel em uma das franquias mais lucrativas do cinema.

“Guardiões” é um velho oeste intergalác­tico, em que há os planetas dos selvagens e os planetas dos muito civilizado­s. Os heróis não pertencem a nenhum deles, e por isso migram pelo cosmos fazendo serviços não muito sujos. E a trupe é notável.

Temos Peter Quill, um caipira americano que se autodenomi­na Senhor das Estrelas, por ser um exímio piloto (ainda que conte com a sorte de ter nascido virado para a lua) e Gamora, uma ET verde criada desde bebê para ser uma máquina de matança.

Ao lado deles, Rocket, um guaxinim ranheta, e Groot bebê, uma muda (de planta) praticamen­te muda (de fala) que só serve para encher os corações na plateia de ternura e de aflição.

O roteiro gira em torno do encontro do herói com seu pai, figura oculta até então. Quill se depara um pai incrível que tem uma mansão linda, num planeta ainda mais deslumbran­te, que também é dele.

As mulheres voltam com mais protagonis­mo e peso dramático, em outro barraco de família que se propaga pelo espaço. Gamora, o amor enrustido de Quill, se debate com Nebula, sua irmã de sangue e de ofício.

Há muita semelhança unindo os personagen­s. Heróis sem caráter. Vilões também sem caráter. Coadjuvant­es sem caráter. Não tem ninguém que preste nesse universo? A resposta é não, e essa é a delícia do filme.

Eles matam como quem espirra, mentem, tapeiam de leve os amigos e acima de tudo acreditam que o mundo gira ao redor dos seus umbigos (para os que têm umbigo, é claro). Tudo isso sem esboçar o rancor de um Batman ou a culpa de um Homem-Aranha.

Os efeitos visuais estonteant­es mostram que o futuro já chegou. É difícil dizer o que na telona é de verdade e o que saiu da CPU de um computador. Mas, assim como os personagen­s, os truques gráficos não se levam a sério, e os efeitos 3D servem para embelezar os cenários, não para ficar se esfregando na cara do espectador. Outro ponto para a produção: a trilha sonora ao estilo Alpha FM que costura as cenas, e tira a música só do plano de fundo.

“Guardiões da Galáxia 2” é muito bom. Tão bom quanto o primeiro? É impossível dar um susto igual duas vezes. Mas, num mundo em que todos os super-heróis das telas parecem precisar de um psicanalis­ta com urgência, é um refresco ver um filme que seja divertido de verdade. Isso não é pouco. DIREÇÃO James Gunn ELENCO Chris Pratt, Zoe Saldana e Dave Bautista PRODUÇAO EUA, 2017, 12 anos AVALIAÇÃO muito bom VEJA TAMBÉM CASSETA & PLANETA: URGENTE! Para homenagear os 25 anos da estreia do humorístic­o, o Viva exibe a primeira edição do programa, que foi ao ar em 1992, e tinha, além de sátiras com políticos, uma entrevista de Bussunda com Ayrton Senna na F-1. Viva, 21h30, 14 anos E AINDA MARIANA GODOY ENTREVISTA Prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB-SP) é o convidado do programa, no qual falará sobre a greve geral marcada para esta sexta (28). RedeTV!, 23h05, Livre

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Netflix/Divulgação Nadia de Santiago em cena de ‘Las Chicas del Cable’

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