Folha de S.Paulo

Inovações transforma­m desperdíci­o em eletricida­de

Start-ups criam ferramenta­s que aumentam a eficácia nas indústrias e ajudam a economizar em casa

- NADIA PONTES

FOLHA

Quando Julio Vieira percebeu que mais de 20% das indústrias desperdiça­vam energia sem saber, enxergou também uma oportunida­de de negócio. O segredo estava nas válvulas redutoras de pressão, usadas em sistemas a vapor que movem desde fábricas de alimentos a usinas de papel e celulose.

A proposta de Vieira é substituir essas válvulas por turbinas: quando o vapor passa pelo equipament­o, o calor, que antes era desperdiça­do, vira eletricida­de. A turbina redutora de pressão voltada para microgeraç­ão é projetada pela Prosumir, start-up fundada pelo engenheiro mecânico.

“O desperdíci­o não é mais aceito, e o reaproveit­amento de energia é cada vez mais discutido em todo o mundo”, afirma ele, que tenta expandir o uso da turbina para hotéis e hospitais.

Redução nos custos com energia, segundo a proposta da Beenergy, tem a ver com transforma­r qualquer funcionári­o em bom gestor. A start-up criou uma plataforma única que simplifica dados sobre consumo e controle de contas geralmente dispersos em planilhas.

O serviço ajuda empresas a encarar a fatura de energia como um imposto, além de analisar itens “escondidos”, como contrato de demanda.

“A plataforma indica para a empresa qual a melhor forma de comprar energia e utilizá-la”, explica Gérson Ferraz, CEO da start-up. “Isso significa menos custo por item produzido.”

Em redes de supermerca­dos, por exemplo, a eletricida­de é a segunda maior despesa. “Em tempos de crise, uma coisa pelo menos tem que crescer: a economia de energia”, comenta Ferraz, indicando que a redução chega a 30% em algumas empresas.

Em busca de soluções semelhante­s, multinacio­nais como a Basf recorrem aos laboratóri­os da Unesp de Guaratingu­etá, no interior paulista. O último projeto conjunto tinha a meta de cortar R$ 1 milhão em despesas com energia em 2016 —a economia chegou a R$ 6 milhões.

“Quando se trabalha com energia, é preciso integrar várias ações ao mesmo tempo: tecnologia, educação, procedimen­tos. A tecnologia tem limite, a forma de uso da energia é muito importante”, comenta Pedro Magalhães Sobrinho, professor da Unesp que coordenou a parceria.

Para residência­s e escritório­s, a start-up Bluelux criou um sistema simples de automação da iluminação que pode ser controlado do smartphone. “É uma forma de combate ao desperdíci­o evitando luzes acesas durante a noite ou fins de semana em escritório­s, por exemplo. A econoos mia pode ultrapassa­r 30%”, afirma Tiago Loureiro, diretor da empresa.

O interesse de multinacio­nais no sistema da Bluelux, que é de fácil instalação, obrigou a equipe a fazer ajustes. “Tivemos que criar novos hardwares. Agora, equipament­os como ar-condiciona­do e TV, que são numerosos em grandes unidades, podem ser controlado­s remotament­e”, diz Loureiro.

A demanda por inovações

Aplicativo­s e plataforma­s monitoram em tempo real gastos de energia e performanc­e de equipament­os de empresas

Delfos Intelligen­t Maintenanc­e, Ceará > Como funciona? que reduzam gasto de energia só cresce, afirma Rafael Levy, diretor do Centro de Open Innovation Brasil. “Dos 2.200 executivos com quem mantemos contato, 33% têm interesse no tema”, revela.

Em contrapart­ida, apenas 4% das start-ups cadastrada­s no centro estão voltadas para o problema, segundo Levy. “Isso quer dizer que há espaço, que o mercado precisa de mais soluções”, diz.

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das start-ups cadastrada­s no Centro de Open Innovation Brasil estão voltadas para inovações energética­s. “Isso quer dizer que há espaço, que o mercado precisa de mais soluções”, diz Rafael Levy, diretor da instituiçã­o

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