De olho em seu futuro, a FN tem investido nos jovens,
inclusive em sua cúpula.
O diretor da campanha dela, David Rachline, tem 29 anos. O vice-presidente da FN, Florian Philippot, tem 35. Deputada na Assembleia Nacional francesa, Marion Maréchal Le Pen, sobrinha de Marine, tem 27.
O partido também investe em seu grupo jovem, a Frente Nacional da Juventude.
David Berton, 25, foi formado politicamente pelo movimento. Atraído pelas ideias da FN aos 16, filiou-se em 2010 e em 2012 já tinha um cargo na campanha presidencial de Le Pen daquele ano. Diz ter se interessado por po- lítica por meio do estudo de história e literatura no ensino médio.
“Eu considero a língua francesa é uma das mais belas do mundo, ela tem um virtuosismo intelectual. Sou muito ligado à nossa civilização e à defesa dela. Na paisagem política atual, o único movimento que parece compartilhar disso é a Frente Nacional”, afirma.
Berton chama atenção para outro fator que atrai os jovens para a sigla, além do desemprego: o medo de decair de classe social (déclassement, em francês), que aflige particularmente a juventude.
“De geração em geração víamos um aumento do nível de vida da população, o pai sabia que o filho iria viver melhor, era uma lógica econômica. A minha geração vai ser a que vai viver pior. O déclassement é uma violência social”, lamenta Berton.
A mesma expressão usou Marine Le Pen em seu discurso, no qual atacou Macron, a elite, a imprensa, os imigrantes e os muçulmanos. Disse dar “eco à violência social que vai explodir no país”.
Jovens, adultos e idosos aplaudiram, gritaram que a amavam e, ao fim, cantaram a Marselhesa. A performance de Le Pen no debate foi duramente criticada durante o dia. Políticos reclamaram de sua agressividade e da ausência de propostas concretas. O conservador Alain Juppé, prefeito de Bordeaux, disse que a participação dela foi “medíocre” ao nivelar a conversa por baixo. Segundo pesquisa da rede BTMTV , Macron se saiu melhor no debate para 63% dos espectadores. Em visita à Bretanha, Marine Le Pen foi recebida com ovos por manifestantes, mas escapou. Jogar gêneros alimentícios em políticos é uma tradição francesa. Macron já levou ovada na cabeça. Hollande e o ex-premiê Manuel Valls foram atacados com farinha.