Maduro chama oposição para explicar Constituinte
Adversários se recusam a ir a reunião sobre medida, que classificam de golpe
Reitor eleitoral diz que decreto viola lei máxima da Venezuela; confrontos deixam ao menos mais um morto
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, convidou nesta quinta-feira (4) a seus adversários para uma reunião sobre a convocação da Assembleia Constituinte. Porém, os dirigentes da oposição, que considera a medida um golpe, dizem que não se encontrarão com o chavista.
Maduro anunciou a mudança na lei máxima na segunda (1º), afirmando que 200 dos 500 membros da assembleia virão de conselhos comunitários e categorias, como estudantes e idosos.
Seus rivais, porém, veem a votação como mais uma forma de restringir sua participação política e de postergar as eleições regionais e presidenciais que reivindicam na onda de protestos, que já deixou 35 mortos e 717 feridos.
O convite à coalizão opositora Mesa de Unidade Democrática (MUD) foi enviado pelo ministro da Educação, Elías Jaua, presidente da comissão do governo sobre a Assembleia Constituinte.
A reunião está marcada para segunda (8) no Palácio de Miraflores, sede da Presidência. No texto, Jaua diz que a intenção é “expor de maneira formal o motivo da iniciativa [...] e apresentar seus objetivos programáticos”.
Segundo o ministro, o governo estaria aberto a “receber sugestões, observações e recomendações”. “Despeçome dos senhores com as melhores intenções de preservar para esta e as futuras gerações a paz”, encerra a carta.
A MUD ainda não havia se pronunciado até a conclusão desta edição, mas seus principais dirigentes reiteraram sua posição contra qualquer diálogo com o governo.
“Os corruptos sem mérito, além de violadores dos direitos humanos, parecem que não nos ouvem. Não há discussão sobre esse processo fraudulento de Maduro”, afirmou o ex-presidenciável opositor Henrique Capriles.
Em visita ao secretário-geral da OEA, Luis Almagro, o presidente da Assembleia Nacional, Julio Borges, disse que a Constituinte “é para aniquilar o voto”. “Não caiam nessa armadilha, é a constituição de um golpe de Estado.”
Desde quarta, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), avalia quais serão as regras da votação para a Constituinte. A diretoria do órgão tem cinco reitores, dos quais quatro são aliados de Maduro.
Nesta quinta, estudantes universitários foram às ruas contra Maduro. Eles chegaram a fechar vias em Caracas, mas foram alvo das forças de segurança. Horas antes, o governo confirmou a morte do policial regional Gerardo Barrera, 38, ferido em um ato opositor em Carabobo.
O Estado é cenário de protestos violentos e saques desde terça (2). Sob a justificativa de falta de segurança, as Forças Armadas autorizaram o uso da Justiça Militar contra presos na região. COMUNICADO Nesta quinta, os governos brasileiro e de sete países voltaram a condenar “o uso excessivo da força” pelas autoridades do país caribenho.
Sem mencionar a Constituinte, citaram medidas do governo “que afetam a estabilidade democrática, polarizam ainda mais a sociedade venezuelana e causam perda de vidas humanas”.
“Fazemos um chamado a todos para que não avalizem ações que gerem mais violência, e manifestamos a convicção de que chegou a hora de um acordo nacional.”
‘Body count’ No título do “Guardian”, sobre relatório da Anistia Internacional lançado na quinta, “Assassinatos pela polícia brasileira são considerados crise de direitos humanos, conforme cresce a contagem de corpos”. Abrindo o texto, “Autoridades brasileiras são acusadas de fechar os olhos”.
Anti-imigrantes No “Los Angeles Times”, “Manifestação contra imigrantes se torna violenta no Brasil”, dizendo ser ato “raro no país, que em geral recebe bem os refugiados”. A polícia prendeu “vários palestinos em São Paulo”, mas “nenhum organizador do protesto antiimigrantes foi detido”. A coluna é publicada às segundas, quartas e sextas