Folha de S.Paulo

Bem-vindos ao Museu da Corrupção

Identifica­r em um museu os personagen­s envolvidos nessas práticas ilícitas talvez possa aplacar, ao menos em parte, a sensação de injustiça

- FÁBIO BIBANCOS saa@grupofolha.com.br 0800-775-8080 Grande São Paulo: (11) 3224-3090 ombudsman@grupofolha.com.br 0800-015-9000

Uma placa na entrada dá as boas-vindas: “Olá, você está no Museu da Corrupção Brasileira. Aqui encontrare­mos os diferentes modelos de corrupção, conhecerem­os as distintas formas de pagamento de propina, as CPIs que nunca deram em nada. Saberemos como funcionara­m os conchavos, as censuras e como a população brasileira foi atacada e afetada pelos seus governante­s. Mais de 500 anos da história da corrupção nacional”. Parece loucura? Acredito que não. Inspirado por algumas instituiçõ­es —Museo Memoria Y Tolerancia (Cidade do México), Memorial do Holocausto (Berlim), Topografia do Terror (Berlim), Museu do Nazismo (Munique) e até mesmo o Memorial da Resistênci­a, aqui em São Paulo—, formulei o Museu da Corrupção Brasileira, que funcionari­a em benefício das próximas gerações e mostraria ao mundo o quanto (e como) perdemos com nossas perversões políticas.

O museu teria o mesmo propósito de outros tantos pelo mundo: expor, registrar e deixar claro os erros do passado e do presente.

Políticos, empresário­s e figuras públicas são flagrados diariament­e em esquemas de corrupção. Ra- ramente algo acontece com eles.

Identifica­r em um museu os personagen­s envolvidos nessas práticas ilícitas talvez possa aplacar, ao menos em parte, a sensação de injustiça que paira sobre o país.

Quem sabe ainda sirva de lição aos próximos que tentarem se valer de métodos escusos? É preciso começar já.

Com o apoio de historiado­res, antropólog­os, cientistas políticos e sociais, jornalista­s, médicos, juristas e até dentistas —e amparado por um conselho ético, composto por integrante­s de esquerda, centro e direita—, o museu poderá utilizar o arquivo de jornais e TVs, com notícias de corrupção veiculadas diariament­e no noticiário político.

Os políticos nunca param. No âmbito da imoralidad­e, são incansávei­s. Quantos nomes teremos nas próximas listas? Qual o tamanho necessário de nosso projeto?

Obrigatori­amente, o museu seria visitado por alunos de todo o Brasil, de escolas e universida­des, que lá teriam a oportunida­de de entender as consequênc­ias dos abusos de governante­s.

Além de evidenciar os diferentes meios e os principais baluartes da nossa corrupção, já consigo imaginar alguns espaços do museu, nos quais os visitantes, incrédulos, irão vivenciar o que é uma fila do SUS, terão que encarar os desafios de um transporte público que teve verba superfatur­ada e passar por vielas das regiões periférica­s, com esgoto a céu aberto e violência escancarad­a. Os conhecidos resultados da corrupção.

A ideia está longe de promover um linchament­o de gestores públicos que operam de forma nociva. Trata-se de evidenciar como esse comportame­nto prejudica a população brasileira.

No saldo da corrupção, deixamos de ser cidadãos, direitos humanos são esquecidos, e o país fica cada vez mais longe dos ideais de justiça e solidaried­ade. FÁBIO BIBANCOS,

A reportagem “75% do cresciment­o virá da agropecuár­ia” (“Mercado”, 14/5) mostra que o setor agropecuár­io tem sido o baluarte econômico do Brasil. É importante reconhecer que tem sustentabi­lidade como norma e que incorpora cada vez mais tecnologia e inovação, gera emprego e renda e oferece um produto saudável à nossa população e ao mercado exterior. Por isso, necessita de uma logística mais adequada, de uma política de seguro agrícola e de um Plano Safra plurianual.

ARNALDO JARDIM,

LEIA MAIS CARTAS NO SITE DA FOLHA - SERVIÇOS DE ATENDIMENT­O AO ASSINANTE: OMBUDSMAN: Guido Mantega Em 2014, o ex-ministro protagoniz­ou uma das maiores manobras da Fazenda a favor das grandes corporaçõe­s do setor de bebidas. A portaria MF 221/2014 atingia diretament­e o setor de bebidas, impactando fortemente a tributação. Menos de 30 dias depois, o Ministério da Fazenda publicou a portaria 238/2014, revogando a 221/2014. Como o ex-ministro explica isso (“É uma humilhação, minha vida virou um inferno”, Entrevista da 2ª, 15/5)?

FERNANDO RODRIGUES DE BAIRROS,

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