Bem-vindos ao Museu da Corrupção
Identificar em um museu os personagens envolvidos nessas práticas ilícitas talvez possa aplacar, ao menos em parte, a sensação de injustiça
Uma placa na entrada dá as boas-vindas: “Olá, você está no Museu da Corrupção Brasileira. Aqui encontraremos os diferentes modelos de corrupção, conheceremos as distintas formas de pagamento de propina, as CPIs que nunca deram em nada. Saberemos como funcionaram os conchavos, as censuras e como a população brasileira foi atacada e afetada pelos seus governantes. Mais de 500 anos da história da corrupção nacional”. Parece loucura? Acredito que não. Inspirado por algumas instituições —Museo Memoria Y Tolerancia (Cidade do México), Memorial do Holocausto (Berlim), Topografia do Terror (Berlim), Museu do Nazismo (Munique) e até mesmo o Memorial da Resistência, aqui em São Paulo—, formulei o Museu da Corrupção Brasileira, que funcionaria em benefício das próximas gerações e mostraria ao mundo o quanto (e como) perdemos com nossas perversões políticas.
O museu teria o mesmo propósito de outros tantos pelo mundo: expor, registrar e deixar claro os erros do passado e do presente.
Políticos, empresários e figuras públicas são flagrados diariamente em esquemas de corrupção. Ra- ramente algo acontece com eles.
Identificar em um museu os personagens envolvidos nessas práticas ilícitas talvez possa aplacar, ao menos em parte, a sensação de injustiça que paira sobre o país.
Quem sabe ainda sirva de lição aos próximos que tentarem se valer de métodos escusos? É preciso começar já.
Com o apoio de historiadores, antropólogos, cientistas políticos e sociais, jornalistas, médicos, juristas e até dentistas —e amparado por um conselho ético, composto por integrantes de esquerda, centro e direita—, o museu poderá utilizar o arquivo de jornais e TVs, com notícias de corrupção veiculadas diariamente no noticiário político.
Os políticos nunca param. No âmbito da imoralidade, são incansáveis. Quantos nomes teremos nas próximas listas? Qual o tamanho necessário de nosso projeto?
Obrigatoriamente, o museu seria visitado por alunos de todo o Brasil, de escolas e universidades, que lá teriam a oportunidade de entender as consequências dos abusos de governantes.
Além de evidenciar os diferentes meios e os principais baluartes da nossa corrupção, já consigo imaginar alguns espaços do museu, nos quais os visitantes, incrédulos, irão vivenciar o que é uma fila do SUS, terão que encarar os desafios de um transporte público que teve verba superfaturada e passar por vielas das regiões periféricas, com esgoto a céu aberto e violência escancarada. Os conhecidos resultados da corrupção.
A ideia está longe de promover um linchamento de gestores públicos que operam de forma nociva. Trata-se de evidenciar como esse comportamento prejudica a população brasileira.
No saldo da corrupção, deixamos de ser cidadãos, direitos humanos são esquecidos, e o país fica cada vez mais longe dos ideais de justiça e solidariedade. FÁBIO BIBANCOS,
A reportagem “75% do crescimento virá da agropecuária” (“Mercado”, 14/5) mostra que o setor agropecuário tem sido o baluarte econômico do Brasil. É importante reconhecer que tem sustentabilidade como norma e que incorpora cada vez mais tecnologia e inovação, gera emprego e renda e oferece um produto saudável à nossa população e ao mercado exterior. Por isso, necessita de uma logística mais adequada, de uma política de seguro agrícola e de um Plano Safra plurianual.
ARNALDO JARDIM,
LEIA MAIS CARTAS NO SITE DA FOLHA - SERVIÇOS DE ATENDIMENTO AO ASSINANTE: OMBUDSMAN: Guido Mantega Em 2014, o ex-ministro protagonizou uma das maiores manobras da Fazenda a favor das grandes corporações do setor de bebidas. A portaria MF 221/2014 atingia diretamente o setor de bebidas, impactando fortemente a tributação. Menos de 30 dias depois, o Ministério da Fazenda publicou a portaria 238/2014, revogando a 221/2014. Como o ex-ministro explica isso (“É uma humilhação, minha vida virou um inferno”, Entrevista da 2ª, 15/5)?
FERNANDO RODRIGUES DE BAIRROS,