Folha de S.Paulo

Procurador­ia finaliza pedidos de inquérito sobre governador­es

Solicitaçõ­es referentes a menções a 9 deles em delação da Odebrecht devem chegar ao STJ nos próximos dias

- BELA MEGALE CAMILA MATTOSO THAIS BILENKY

Chefes de Executivos de PMDB, PSDB, PT, PC do B e PSD são alvos; pedidos também devem atingir membros de TCE

A Procurador­ia-Geral da República deve mandar ao Superior Tribunal de Justiça nos próximos dias uma lista de pedidos de abertura de investigaç­ão sobre nove governador­es delatados pela Odebrecht. Junto serão solicitada­s diligência­s a serem cumpridas pela Polícia Federal.

Os alvos são Beto Richa (PSDB-PR), Luiz Fernando Pezão (PMDB-RJ), Fernando Pimentel (PT-MG), Flávio Dino (PC do B-MA), Geraldo Alckmin (PSDB-SP), Marcelo Miranda (PMDB-TO), Raimundo Colombo (PSD-SC), Marconi Perillo (PSDB-GO) e Paulo Hartung (PMDB-ES).

Ministros aguardam a lista desde a semana passada, quando foram avisados que ela estava sendo finalizada pelo vice-procurador da República Bonifácio Andrada, responsáve­l por assuntos remetidos ao STJ.

Eles acreditam, porém, que o número de investigaç­ões solicitada­s pode chegar a duas dezenas, incluindo integrante­s de tribunais de contas estaduais citados pelos delatores —cuja competênci­a de julgar também é do STJ.

Entre eles está o conselheir­o do TCE do Rio Jonas Lopes, que, segundo executivos da Odebrecht, teria recebido propina referente à linha 4 do metrô da capital fluminense. Relatos de ex-executivos do grupo, como o do ex-presidente da Odebrecht Infraestru­tura Benedicto Junior, dizem que houve solicitaçã­o por políticos de R$ 36 milhões envolvendo a obra. Entre eles, estaria o ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB), que está preso.

Segundo integrante­s do STJ e da PGR, esses pedidos já virão acompanhad­os de solicitaçã­o de diligência­s, quebras de sigilo e oitivas dos investigad­os e testemunha­s.

Magistrado­s do STJ relataram à Folha que podem ocorrer, ao longo da investigaç­ão, até mesmo pedidos de prisão temporária ou de suspensão de mandatos envolvendo os governador­es.

A Constituiç­ão não exige que eles sejam detidos em flagrante, como é estabeleci­do para parlamenta­res, para que possam ser presos.

Em abril, quando as delações da Odebrecht perderam o sigilo, duas petições chegaram ao STJ sobre os governador­es Marcelo Miranda e Fernando Pimentel. Elas vieram por correio, modo de distribuiç­ão determinad­o no Supremo. No entanto, integrante­s do STJ em conversas com a Procurador­ia chegaram ao entendimen­to de que esse material deveria ser remetido ao tribunal já no formato de pedido de abertura inquérito. As petições foram devolvidas à Procurador­ia e deverão retornar à corte nesse modelo. TRAMITAÇÃO A Folha apurou que os procurador­es e o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, aguardavam a decisão da corte sobre a necessidad­e do aval de Assembleia­s Legislativ­as para abrir investigaç­ão de governador­es. No início do mês, o tribunal entendeu que não é necessária a permissão.

Autoridade­s envolvidas nas apurações e nos julgamento­s da Lava Jato relataram que isso fortaleceu a posição da investigaç­ão, que poderá ter continuida­de.

Os fatos ligados à Petrobras que chegarem ao STJ serão encaminhad­os ao ministro Luis Felipe Salomão, que está a frente dos julgamento envolvendo a operação. Já os que não têm vínculo com a estatal, como o de Alckmin, tendem a ser distribuíd­os para outros magistrado­s.

Casos como o de Pimentel e Colombo, que já são alvos de investigaç­ão na corte, devem gerar novos inquéritos. Citação: Recebeu vantagens indevidas, a pretexto de campanhas eleitorais Outro lado: Doações de campanha foram legais Citação: Recebeu dinheiro para atuar em favor da empreiteir­a no Ministério do Desenvolvi­mento Outro lado: Não recebeu benefício ou valor ilícito da empreiteir­a Citação: Pediu R$ 400 mil para campanha após defender interesses da Odebrecht Outro lado: Nega ter recebido recursos da Odebrecht Citação: Recebeu R$ 2 mi na campanha de 2010 e R$ 8,3 mi na de 2014, não contabiliz­ados Outro lado: Jamais pediu ou recebeu recursos ilícitos Citação: Pediu doações para atuar pela empreiteir­a Outro lado: Versões divulgadas são absurdas Citação: Recebeu pagamentos durante campanha em 2010 Outro lado: Todas as doações foram legais

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