Doria admite disputar Presidência se for escolhido em prévias do PSDB
Ao ser questionado sobre a possibilidade, em Nova York, prefeito respondeu: ‘por que não?’
Declaração é a mais enfática dada por ele até agora, embora no discurso continue apoiando Alckmin DE NOVA YORK
Em sua declaração mais incisiva até agora sobre a possibilidade de se candidatar à Presidência da República, o prefeito de São Paulo, João Doria, afirmou nesta terçafeira (16) que concorreria ao cargo se fosse escolhido pelas prévias do PSDB para entrar na disputa.
Em entrevista à agência Bloomberg, em Nova York, o tucano defendeu que a escolha do candidato do partido seja feita por meio de um processo interno da sigla. Questionado em seguida se aceitaria a indicação, respondeu: “Respeitando a democracia, por que não?”.
A declaração do prefeito segue linha mais direta de suas manifestações nesta semana. Apesar de formalmente defender a candidatura do padrinho, Geraldo Alckmin, duas falas recentes de Doria indicam pretensões pessoais.
Nesta segunda, por exemplo, o tucano havia dito que 2018 seria discutido em 2018 e que deveria ser o candidato do PSDB “aquele que tiver melhor posição perante a opinião pública”.
Pouco depois de a declaração de Doria à Bloomberg ter sido publicada, a assessoria do prefeito afirmou que a fala foi feita enquanto ele “defendia que a escolha da candidatura fosse feita por meio de prévias”. Segundo a assessoria, o prefeito “fez uma defesa enfática do nome do Geraldo”. Além disso, quando questionado sobre o que aconteceria “se o resultado das prévias escolher seu nome”, respondeu: “Se for pela democracia, por que não?”
A frase do prefeito surpreendeu convidados do jantar em Nova York em que ele recebeu o prêmio Homem do Ano da Câmara de Comércio Brasil-EUA. O presidente Michel Temer enviou mensagem saudando o homenageado.
Em seu discurso, Doria exaltou as privatizações em São Paulo e elogiou Alckmin. Foram exibidos trechos de sua propaganda eleitoral à prefeitura. “Doria não é só o homem do ano, é o homem dos anos que estão por vir”, disse o publicitário Nizan Guanaes, presente no evento.
A proeminência do prefeito paulistano como possível candidato do PSDB se choca com as aspirações de Alckmin, que trabalha para ser o candidato do partido ao Planalto.
Nos EUA, governador e prefeito fizeram rodadas de conversas com o mercado financeiro em busca de investimentos. Em suas agendas, Alckmin minimizou rivalidades.
“Doria é um bom companheiro. Hoje vai ser homenageado. É a noiva ainda por cima”, disse o governador, horas antes da premiação.
Alckmin disse que a deci- são sobre a candidatura será coletiva e defendeu a realização de prévias. “Ninguém vai conseguir nos distanciar. Estamos fazendo uma grande sinergia em benefício da população”. Em retribuição, Doria chamou o governador de generoso e simpático.
A troca de afagos encobre, porém, uma nova divergência interna. Alckmin afirma que é defensor de prévias caso o partido não tenha um candidato de consenso.
Doria defende a realização de prévias ainda que para ratificar um só nome. Há dois dias, o prefeito lembrou que Mário Covas insistiu na realização de prévias em 1989, quando era candidato único à Presidência. “Peça para Alckmin contar essa história”, recomendou o prefeito.
O prefeito é o tucano mais bem posicionado na mais recente pesquisa Datafolha, divulgada em abril, ainda que dentro da margem de erro. Ele chega a 9% das intenções, contra 6% do governador.
Seu nome ganhou força no partido depois de Alckmin e o senador Aécio Neves (MG), terem sido alvo de delatores da Odebrecht em acordos de colaboração premiada firmados com a Lava Jato.
Doria se vende como gestor, e não como político. Seus aliados, porém, admitem que ele precisa avançar para além do anúncio de ações e começar a apresentar resultados para se viabilizar para 2018. viajou a convite do Lide
O ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) se tornou nesta terça-feira (16) réu na oitava ação penal da Operação Lava Jato. A nova acusação se refere a suposto desvios na área de saúde que chegam a R$ 16 milhões.
O Ministério Público Federal denunciou no total sete pessoas por corrupção passiva e ativa e organização criminosa por irregularidades cometidas na Secretaria Estadual de Saúde, entre 2007 e 2014. O juiz Marcelo Bretas aceitou a denúncia.
Parte da propina arrecadada por Cabral na Secretaria de Saúde foi paga como doação ao Diretório Nacional do Solidariedade na eleição de 2014, afirma a denúncia.
Além do ex-governador, César Romero (ex-subsecretário de Saúde e delator), Carlos Emanuel Miranda, Luiz Carlos Bezerra (operadores financeiros), Sérgio Côrtes (exsecretário de Saúde), e os empresários Miguel Iskin e Gustavo Estellita são acusados pela força-tarefa Lava Jato no Rio de pagar ou receber propina para fraudar contratos.
A defesa de Cabral disse que se manifestará na Justiça. O Solidariedade afirmou, em nota, “que cumpriu com todas as cláusulas de prestação de contas” e que “não tinha conhecimento sobre origem ilícita do dinheiro”. Os demais não foram encontrados. (ITALO NOGUEIRA)