Folha de S.Paulo

Ser usada duas vezes.

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O número de mortos em um mês e meio de protestos na Venezuela chegou nesta terça-feira (16) à cifra de vítimas fatais registrada­s nos três meses da onda de manifestaç­ões de 2014 contra o presidente Nicolás Maduro.

Assim como mais da metade dos 43 mortos, as duas últimas vítimas foram baleadas. O adolescent­e Yeison Mora, 17, não resistiu aos ferimentos depois que seu rosto foi atingido por uma bala em um protesto em Pedraza, no Estado de Barinas (oeste).

Durante a manhã, o biólogo Diego Arellano, 31, morreu na hora depois de também ser alvo de munição letal em um ato perto da fábrica onde trabalhava em San Antonio de Los Altos, no Estado de Miranda (centro).

A cifra de óbitos devido a disparos de armas de fogo nos protestos é a mesma que a de três anos atrás: 26. Naquele ano, porém, elas ocorreram em menos tempo —34 no primeiro mês, contra 29.

Outra diferença é em relação às circunstân­cias em que os outros 17 morreram. Acidentes provocados por barricadas montadas em ruas e estradas levaram a oito óbitos em 2014, assim como três morreram em explosões.

A “guarimba”, como o governo chavista chama as barricadas e os atos violentos de seus adversário­s, deixou três vítimas neste ano, todas por acidentes de trânsito.

Por outro lado, os saques tornaram-se mais comuns em 2017 devido à escassez de alimentos e remédios na Venezuela, efeito da crise econômica que se agravou fortemente em três anos.

Foi na invasão a uma padaria no bairro de El Valle, em Caracas, que houve o maior número de mortos: três baleados e nove eletrocuta­dos na madrugada de 21 de abril.

O ritmo paulatino das mortes também tem a ver com a sequência dos protestos. Ao completar um mês e meio as manifestaç­ões de 2014 começaram a perder força, e o governo recuperou o controle.

Três anos depois, a situação econômica e política deixou os dois lados mais radicais e aumentou a violência nos atos, que não cedem.

Nesta terça, Maduro reforçou o decreto de emergência econômica de janeiro de 2016 para dar mais autonomia ao Executivo para gerir recursos para a compra e a produção de alimentos e remédios.

Assim ele deixa de depender do Judiciário para aprovar a verba. É a sétima vez que ele renova o decreto —a lei prevê que a medida só pode ONU Pela primeira vez a situação política na Venezuela deverá ser avaliada pelo Conselho de Segurança da ONU, em reunião nesta quarta-feira (17), a pedido dos EUA.

A crise será discutida pela OEA no dia 31, apesar de Caracas ter anunciado sua saída do órgão, e pela Celac (Comunidade de Estados LatinoAmer­icanos e Caribenhos).

 ?? Carlos Eduardo Ramirez/Reuters ?? Motociclet­as queimadas após protesto no interior da Venezuela; onde de mobilizaçõ­es já deixou 43 mortos no país
Carlos Eduardo Ramirez/Reuters Motociclet­as queimadas após protesto no interior da Venezuela; onde de mobilizaçõ­es já deixou 43 mortos no país

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