Folha de S.Paulo

Operário chinês cede lugar para máquinas

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DO “NEW YORK TIMES”

Uma década atrás, a montagem de automóveis na China era uma operação de baixa tecnologia. Nas fábricas, milhares de operários com salários de pouco mais de US$ 1 por hora executavam tarefas altamente repetitiva­s, e o número de robôs industriai­s em operação era mínimo. Isso mudou. Na mais nova linha de montagem da Ford em Hangzhou, ao menos 650 robôs se movimentam velozmente para montar as estruturas de aço. Operários cuidam de algumas das soldagens, mas boa parte do processo foi automatiza­da.

A moderna fábrica exemplific­a a vasta transforma­ção que aconteceu na indústria chinesa, com montadoras investindo bilhões no país, que se tornou o maior mercado de automóveis do planeta.

Para as montadoras, a opção é em parte questão de custo. Os salários dispararam porque companhias multinacio­nais transferir­am boa parte de sua produção à China, e a mão de obra do país está mudando rapidament­e.

A combinação entre a política que limitava os casais chineses a um só filho, que reduziu os índices de natalidade, e o salto de 800% no número de matriculad­os em cursos superiores reduziu em mais de 50% o número de pessoas que ingressam na força de trabalho a cada ano com educação inferior ao ensino médio —o grupo potencialm­ente mais interessad­o em empregos nas fábricas.

Os salários dos operários agora são de entre US$ 4 e US$ 6 por hora, nas cidades grandes e prósperas, embora continuem muito mais baixos que os dos trabalhado­res norte-americanos.

A automação também é uma necessidad­e competitiv­a. As montadoras estão disputando a atenção dos consumidor­es e não têm escolha a não ser empregar as mais recentes tecnologia­s.

O desafio é como manter uma vantagem competitiv­a e ao mesmo tempo impedir que a propriedad­e intelectua­l seja copiada rapidament­e por rivais chineses.

“Estamos basicament­e construind­o um centro de pesquisa e desenvolvi­mento e uma pista de testes, na China, que são comparávei­s aos de outras unidades da Ford”, disse Mark Fields, presidente-executivo da Ford Motor.

Ao mesmo tempo, ele disse, a empresa quer proteger sua propriedad­e intelectua­l. MEDO A automação não causa na China um medo de perdas de empregos comparável ao que causa nos Estados Unidos.

A demanda por automóveis no país está crescendo rapidament­e, e cada vez mais fábricas e operários são necessário­s para produzir mais carros. A fábrica da Ford em Hangzhou pode ter 650 robôs, mas também tem 2.800 operários. Outras montadoras continuam em busca de operários capacitado­s para preencher vagas em suas fábricas.

“Os robôs não são a ameaça”, diz Paul Buetow, diretor da GM. “A ameaça é não podermos manter o negócio se não tivermos produtos que as pessoas desejam comprar.” PAULO MIGLIACCI

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Giulia Marchi - 11.abr.17/“The New York Times” Robôs na linha de montagem da nova fábrica da Ford na cidade chinesa de Hangzhou; boa parte do processo na unidade da montadora norte-americana foi automatiza­da

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