Folha de S.Paulo

JBS adia plano para entrar na Bolsa de NY

Empresa diz que lançamento de ações só vai ocorrer quando investigaç­ões da PF deixarem de afetar o valor da empresa

- RENATA AGOSTINI

Oferta de ações, que ocorreria até junho, pode acontecer no segundo semestre caso cenário melhore até lá

A JBS adiou os planos para sua oferta pública inicial de ações nos EUA, prevista para ocorrer até junho.

Segundo o presidente da empresa, Wesley Batista, o lançamento dos papéis na Bolsa de Nova York só ocorrerá quando a JBS concluir que as operações da Polícia Federal não mais afetam o valor da empresa. Caso contrário, o movimento, diz ele, “não vale a pena”.

“No segundo semestre é o momento mais próximo da gente imaginar. [Melhor] do que tentar sair a mercado com algumas questões pendentes”, disse nesta terça (16) em conversa com analistas sobre os resultados da JBS.

A companhia foi alvo na semana passada da Operação Bullish, que investiga suspeitas de irregulari­dades na liberação de recursos pelo BNDES. Foi a segunda operação da PF a atingir a JBS no ano.

Em março, quando foi deflagrada a Carne Fraca, que mira evidências de fraudes em fiscalizaç­ões de frigorífic­os, a cúpula da empresa já considerav­a alterar o cronograma anunciado para o lançamento das ações.

O plano era listar na Bolsa de Nova York a JBS Foods Internatio­nal, subsidiári­a que concentrar­á a operação internacio­nal da companhia. Trata-se de uma das maiores apostas da empresa para embalar a expansão no exterior.

O plano foi anunciado em dezembro do ano passado após o BNDES, que é sócio da JBS, vetar uma reestrutur­ação que levaria a sede da companhia para a Irlanda.

Apesar do adiamento, a JBS sustenta que não há impediment­o legal para que a oferta nos EUA aconteça. A decisão judicial que autorizou a Bullish proíbe os controlado­res da JBS de realizar qualquer mudança estrutural e societária na empresa.

“No entender do nosso jurídico, a decisão é para reestrutur­ação de forma substancia­l, que mexa na estrutura da companhia e na composição do controle acionário.” DEPOIMENTO Em depoimento à PF na sexta-feira (12) publicado pelo site “O Antagonist­a”, Wesley disse que seu irmão Joesley foi o responsáve­l pela contrataçã­o da empresa de consultori­a de Antonio Palocci.

A atuação do ex-ministro, segundo a PF, acelerou a liberação de recursos do BNDES.

Ele também disse que a JBS não desistiu da aquisição da National Beef, mas que foi impedida pelas autoridade­s americanas de concretiza­r o negócio em 2009. A JBS recebeu dinheiro do BNDES para a operação, mas deveria ter devolvido os recursos com o fracasso da aquisição.

Wesley disse que as tratativas com o banco foram feitas pelo irmão e que não sabe o destino do dinheiro. Afirmou, no entanto, que Palocci não teve participaç­ão no remanejame­nto dos recursos.

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