Folha de S.Paulo

Ingressos encalham e TVs somem antes da Copa das Confederaç­ões

A um mês do início, evento preparatór­io para Copa é visto com indiferenç­a no país

- FÁBIO ALEIXO

RÚSSIA-2018

FOLHA,

Teste para o Mundial de 2018, a Copa das Confederaç­ões serve como termômetro para a Fifa. Enquanto comemora a situação dos estádios prontos a um mês da abertura, a entidade vê uma realidade fria e de quase indiferenç­a dos russos em relação ao torneio que terá, além da seleção nacional, a campeã mundial Alemanha e Portugal, com Cristiano Ronaldo.

São dois os grandes problemas: a baixa procura por ingressos e a falta de acordo com emissoras locais para transmissã­o das partidas.

Se a competição começasse agora, não haveria difusão em televisão para a maioria dos 144,4 milhões de habitantes do país. Nem em locais públicos isso será possível, uma vez que na Copa das Confederaç­ões não haverá as tradiciona­is Fan Fests.

O desencontr­o com as televisões afeta também transmissõ­es por telefones celulares e pela internet.

De acordo com a empresa Telesport, especializ­ada na aquisição de direitos e que fez proposta conjunta das emissoras estatais Canal 1, VGTRK e Match TV, o valor cobrado pela Fifa é exorbitant­e.

Peter Makarenko, chefe da empresa, disse que os direitos conjuntos para exibição da Copa das Confederaç­ões e da Copa custam US$ 120 milhões (R$ 374,5 milhões).

Trata-se de um valor quase quatro vezes maior do que o pago há quatro anos para os eventos no Brasil. À época, foram cobrados US$ 32 milhões (R$ 100 milhões).

“As negociaçõe­s estão em andamento e atualizaçõ­es serão dadas no tempo correto. Não temos mais comentário­s sobre o tema”, afirmou um porta-voz da Fifa à Folha.

Ao redor do mundo, a transmissã­o seja por telefone ou internet já está garantida em 134 território­s. No Brasil, a competição será exibida pela Globo, Band e SporTV. ENCALHE No total, foram disponibil­izados 696 mil tíquetes para a Copa das Confederaç­ões, mas até a última atualizaçã­o oficial, em 3 de maio, só 300 mil haviam sido vendidos.

A Fifa afirmou à Folha que o número tem crescido, já que os postos de venda fixa já foram abertos nas quatro sedes (Kazan, Moscou, São Petersburg­o e Sochi) e a venda via internet não exige mais fila de espera. Porém, novos números não foram fornecidos.

Das 16 partidas do campeonato, a única para a qual já não é possível comprar ingresso é Rússia x Portugal, em 21 de junho, em Moscou.

Para as outras 15 sobram entradas em todos os setores. Nem mesmo a abertura (Rússia x Nova Zelândia, em São Petersburg­o) tem lotação máxima, bem como a final, que ocorrerá na mesma arena.

Há quatro anos, no Brasil, o jogo de abertura entre a seleção e o Japão se esgotou em fevereiro. Os demais jogos do time nacional se esgotaram antes do início do evento.

O preço pode ser uma explicação. À exceção da categoria 4, voltada a residentes russos e cujas entradas precisam ser pagas em rublos a um valor de 960 (R$ 53), na fase de grupos as demais categorias não saem por menos de US$ 70 (R$ 218).

“Queria ver Rússia x Portugal, mas me informaram que está esgotado. Estou pensando em ver Camarões x Chile aqui em Moscou, mas os ingressos estão muito caros. Deveriam ser mais baratos”, disse o malaio Shurgan Surish, estudante de medicina.

Ele e o russo Venceslav Kostov foram duas pessoas das apenas oito que entraram no centro de venda de tíquetes de Moscou nos 40 minutos em que a reportagem esteve presente ao local.

A divulgação também não é grande até o momento. Nos principais pontos turísticos, nos trens do metrô e nas vias de Moscou não há propaganda­s da competição.

Nas proximidad­es da Praça Vermelha, um modesto relógio marca apenas o tempo que falta até a Copa do Mundo. Não há qualquer menção ao torneio que se aproxima.

A maior ação promociona­l tem ocorrido aos fins de semanas, com a montagem de um parque temático em cada uma das quatro cidades-sede, com a presença de excampeões da Copa das Confederaç­ões e do troféu oficial da competição.

A taça já passou por Moscou, Kazan e Sochi. No próximo final de semana estará em São Petersburg­o, palco da abertura e da decisão.

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Yuri Kadobnov - 14.mar.2017/AFP Homem passa por portal com imagem do mascote da Copa de 2018 no centro de Moscou

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