Folha de S.Paulo

Pitacos sobre o Brasileiro

- TOSTÃO COLUNAS DA SEMANA segunda: Juca Kfouri e PVC, quarta: Tostão, quinta: Juca Kfouri, sábado: Mariliz Pereira Jorge, domingo: Juca Kfouri, PVC e Tostão

NA PRIMEIRA rodada, ocorreu o habitual em todo o mundo, de vitória da maioria dos times da casa. Apesar dos óbvios motivos, como o time visitante ter de viajar, se hospedar em hotéis impessoais, de não conhecer bem o gramado e de ficar acuado pela pressão dos torcedores locais, falta um amplo estudo científico sobre o assunto, com profission­ais de várias áreas, embora seja quase impossível chegar a uma conclusão definitiva, pois não se pode medir os fatores subjetivos, a emoção e a lucidez dos atletas.

Gostei do Grêmio e do jovem volante Arthur. Renato Gaúcho deve ter aproveitad­o os muitos dias sem jogar para estudar e treinar a equipe. Com a dupla de atacantes Barrios e Luan, sem a bola precisar ser carimbada pelo habilidoso meia Douglas, contundido, a equipe fica mais eficiente. Luan continua muito bem, apesar dos gols perdidos.

Flamengo e Atlético-MG fizeram um jogo equilibrad­o. O Galo ficou mais forte com a entrada de um volante mais marcador (Adílson) e a escalação de Elias pela direita, sem posição fixa. Ele marca pelo lado, organiza as jogadas e chega à frente, pela direita e pelo centro.

Falta ao Flamengo, ao Santos e a outras equipes organizada­s e que jogam bom futebol a inquietaçã­o, a vibração, a marcação intensa por pressão e a troca de posições, de funções e de sistema tático, durante o jogo, realizada pelo Palmeiras, com Cuca. O time não segue o padrão considerad­o moderno em todo o mundo. O Palmeiras continua com marcação individual, com lançamento­s longos e com a correria para chegar ao gol, de uma forma organizada.

Cruzeiro e São Paulo fizeram um jogo igual. A esperteza de Henrique e a lentidão de Maicon o decidiram. Discordo de algumas preferênci­as de Rogério Ceni, como a escalação de Neílton, no jogo anterior, ou de Marcinho, em vez de Luís Araújo, de pôr João Schmidt, um típico volante, como armador pela esquerda, para marcar e avançar —ele e Jucilei deveriam trocar de posição—, e de deslocar o único armador da equipe que defende e ataca bem, Thiago Mendes, para a função de ala.

O São Paulo deveria confiar mais no trabalho de Rogério Ceni, que inicia a carreira. Muitos treinadore­s e profission­ais de todas as áreas, que começaram mal suas atividades, se tornaram excelentes no que fizeram.

Dos vários titulares do Cruzeiro que não jogaram contra o São Paulo, o único que faz falta é Robinho, que nunca foi um destaque nacional. O Cruzeiro tem um bom elenco, bons jogadores em todas as posições, mas não possui um jogador especial do meio para frente.

O Santos teve mais posse de bola, trocou mais passes, jogou um futebol mais bonito, possui melhores jogadores, mas quem venceu foi o Fluminense. Se o talentoso Bruno Henrique não se limitasse tanto a jogar pela esquerda, aberto, e se deslocasse mais pelo centro, para formar dupla com Ricardo Oliveira, o ataque poderia funcionar melhor.

O Fluminense, com vários garotos bons de bola e com um técnico jovem, Abel Braga, no comportame­nto e nas ideias, poderá ir mais longe do que se imagina.

É jogo demais. Vi, na íntegra, a maioria das partidas. Fiquei cansado. Não estou bem preparado fisicament­e e tecnicamen­te para a maratona do Brasileiro. Não fiz uma boa pré-temporada. Espero evoluir durante a competição e não cair para a segunda divisão.

Na primeira rodada, em relação ao ano anterior, aumentou a média de público e de gols

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil