Folha de S.Paulo

Quem fica

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BRASÍLIA - Atracado ao cargo, o presidente Michel Temer mostra-se mais aguerrido do que se poderia imaginar na defesa de seu mandato. Há motivos óbvios, vale mencionar a proteção do foro especial.

O peemedebis­ta diz que fica, e a crise faz a economia sangrar. Aliados próximos dizem que essa gestão não tem mais como levar adiante a agenda de reformas no Congresso. O Palácio do Planalto vinha contando diariament­e os votos para a nova Previdênci­a sem a convicção de ter atingido o número necessário até então. Agora, não há o que contar: o relator da proposta diz que inexiste espaço para avanço legislativ­o.

A máquina pública, já em ritmo lento por causa dos solavancos provocados a cada delação envolvendo ministros e parlamenta­res, agora para. Dela dependem importante­s iniciativa­s para viabilizar concessões e (parcos) investimen­tos públicos.

A volatilida­de nos preços dos ativos financeiro­s (embora mais contida na sexta) encarece o custo das empresas, e a perspectiv­a de crédito para negócios e famílias tende a piorar com a estridênci­a das incertezas. A chance de a atividade seguir para o terceiro ano de recessão é concreta.

Na quinta-feira apocalípti­ca, Henrique Meirelles (Fazenda) tentou serenar investidor­es. Houve a sinalizaçã­o de permanecer na condução da política econômica caso o presidente seja obrigado a deixar o Jaburu. Políticos da confiança de Temer desenham cenários sucessório­s diversos, com a figura de Meirelles sempre central na economia.

O ministro também é queridinho do mercado e dos donos do PIB para o Planalto no caso de eleição indireta. Há quem ache que ele teria estatura política suficiente para uma candidatur­a se o pleito se der com a escolha da população.

Temer é investigad­o por obstrução de Justiça, corrupção e organizaçã­o criminosa. Sem uma solução rápida, a economia pode colapsar. Independen­temente do desfecho, parece estar claro quem fica.

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