Procurador recebia mesada, afirma delator
juiz Ricardo Leite. Willer Tomaz foi preso pela Polícia Federal nesta quinta (18).
A situação do juiz, portanto, é diferente do procurador Ângelo Goulart Vilella, que integrava a força-tarefa da Operação Greenfield. Nesse caso, os delatores dizem ter provas de que pagaram Vilella para saber do andamento das investigações.
Por meio de nota, a 10ª Vara Federal do DF afirmou que as declarações de Joesley Batista na gravação com Temer mostram-se infundadas pelos fatos, já que, em razão de sua especialização, lá tramitam mais de 20 “grandes operações criminais” e houve diversas medidas decretadas em desfavor da JBS.
Foi a Justiça Federal do DF que, em março desta ano, decretou o afastamento de Joesley da presidência do conselho da J&F, que controla a JBS, e da Eldorado Celulose, uma das empresas do conglomerado.
Procurado, o escritório de Willer Tomaz afirmou que não irá comentar as informações. Em nota divulgada no site, a banca afirma que os fatos serão “devidamente esclarecido no curso das investigações”.
O empresário Joesley Batista, dono do grupo J&F, disse, em seu acordo de delação premiada, que um advogado contratado por ele contou ter pago uma “ajuda de custo” de R$ 50 mil mensais ao procurador Ângelo Goulart Vilella, que fazia parte da força tarefa da Operação Greenfield, que investiga um esquema de uso irregular de dinheiro de fundos de pensão. Vilella foi preso na quinta (18) por suspeita de vazar informações sigilosas a investigados.
Segundo Joesley, ele conheceu o procurador por meio do advogado Willer Tomaz, contratado para defender a Eldorado, empresa da J&F que é alvo na Greenfield.
O advogado disse ser amigo de Vilella, que trabalhava no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), mas estava prestes ir para a força tarefa da Greenfield, o que de fato aconteceu.
Joesley disse que assim que o procurador se integrou à equipe da Greenfield ele começou receber informações sigilosas da investigação por meio de Tomaz.
Vilella, segundo Joesley, gravou o depoimento de um ex-sócio de Joesley no processo e mandou para o advogado, que repassou para o dono da J&F.
Joesley contratou o escritório de Tomaz por R$ 8 milhões. O advogado, segundo o delator, disse que dava uma “ajuda de custo” de R$ 50 mil para Vilella em troca de informações. Joesley disse não saber se o dinheiro foi repassado.
O diretor jurídico da J&F, Francisco de Assis e Silva, também delator, confirma a história. Diz que perguntou sobre esses repasses. “Eu faço uma pergunta para ele [Tomaz] assim: vem cá, esse negócio do Ângelo, está claro para ele que ele tem uma remuneração por isso? E ele responde: está claro sim”, diz Silva.
O escritório de Willer Tomaz, preso na quinta, publicou em seu site comunicado que diz que “a advocacia é uma profissão que visa a proteger o estado de direito e por estar relacionado com combate para assegurar garantias individuais dos cidadãos está sujeita a acusações injustas”.
A defesa de Ângelo Goulart Vilella não foi encontrada para comentar o assunto.