MUITO mais?”. O grupo, porém, não fez convocação para atos.
CONVOCAÇÃO Entidades ligadas à esquerda como Frente do Povo Sem Medo, União Nacional dos Estudantes, Central Única dos Trabalhadores, Frente Brasil Popular e Levante Popular da Juventude convocaram atos em várias cidades do país pedindo a saída de Temer e a antecipação de eleições diretas.
Em São Paulo, a manifestação está marcada para ter início às 15h no vão livre do Masp, na avenida Paulista.
Pelo menos 30 outras cidades do país tiveram convocações do tipo.
ESPECIAL PARA A FOLHA
A assinatura dos acordos de delação premiada entre a Procuradoria-Geral da República e executivos da Odebrecht e da JBS deixaram às claras como o Brasil funciona segundo o modelo de Daron Acemoglu e James Robinson, autores do livro “Por que as Nações Fracassam?”.
As “colaborações premiadas” da Operação Lava Jato têm o potencial de exterminar praticamente toda a geração de políticos que emergiu com a Nova República.
No entanto, as condições oferecidas aos executivos e às suas empresas podem estar poupando uma das engrenagens desse sistema.
Joesley e Wesley Batista e mais cinco executivos pagarão R$ 225 milhões em troca de perdão judicial. No caso de Joesley, a multa será de R$ 110 milhões. Fazendo jus a sua fama de empresário de sucesso nas negociações com o Estado, o valor será parcelado em dez prestações anuais corrigidas pela inflação, sem juros e com a primeira parcela a ser depositada apenas em 1º de junho de 2018!
Detalhe importante: o patrimônio pessoal declarado de Joesley é de R$ 1,3 bilhões
Por mais louvável que seja o trabalho da Lava Jato em desnudar a podridão do sistema político brasileiro, as condições oferecidas pela PGR para os executivos parecem muito descalibradas.
Mesmo que a empresa concorde em pagar R$ 11,2 bilhões pedidos pela PGR para celebrar acordo de leniência, estamos tratando de um grupo que teve seu faturamento multiplicado por 40 (!) nos últimos anos à custa de operações do BNDES, benefícios fiscais, crédito público subsidiado e outros incentivos.
É difícil aferir qual seria o desempenho da JBS e a evolução das finanças pessoais de Joesley e Wesley se não houvesse a política de “campeões nacionais” implementadas pelo governo desde meados da década passada.
De acordo com as regras de funcionamento do nosso capitalismo de compadrio, o sucesso de boa parte de nossas grandes empresas foi construído mediante corrupção, sonegação de impostos e lavagem de dinheiro.
No melhor estilo “rent seeking”, nossos empresários investem em “relações institucionais” em vez de bens de capital, tecnologia e produtividade da mão de obra.
Ao concordar em oferecer multas baixas (em relação ao seu patrimônio e faturamento), condições favoráveis de pagamento e imunidade para os executivos para obter informações sobre os políticos, a PGR faz uma opção clara pela estratégia de terra arrasada com a classe política.
O problema é que, ao aliviar dessa maneira a punição aos criminosos pertencentes à elite econômica, a PGR oferece uma péssima sinalização para o comportamento empresarial no futuro.
Os acordos de delação têm transmitido a impressão de que, uma vez pegos praticando crimes, basta aos corruptores confessar e entregar os nomes de agentes públicos que deixaram-se corromper para ter a pena aliviada consideravelmente.
E esse pode ser o legado nefasto deixado pela Operação Lava Jato: a de que, do ponto de vista do empresário corruptor, o crime compensa. Independentemente de quais políticos estiverem no poder.