Folha de S.Paulo

Eleição no Irã registra alta participaç­ão

Mais de 70% dos iranianos votaram no pleito que opõe o atual presidente, de perfil moderado, a clérigo conservado­r

- O presidente iraniano e candidato à reeleição, o moderado Hasan Rowhani, acena para eleitores em local de votação em Teerã nesta sexta-feira (19)

Resultados parciais não haviam sido divulgados até a conclusão desta edição; atual líder Rowhani era favorito

O Irã deu início na noite desta sexta-feira (19) à apuração da eleição presidenci­al que é encarada como um referendo sobre o acordo nuclear assinado com o Ocidente pelo presidente e candidato à reeleição, Hasan Rowhani. O pacto é criticado pelo principal rival, o clérigo conservado­r Ibrahim Raisi.

O Ministério do Interior informou que mais de 40 milhões de votos foram registrado­s, o que indica um comparecim­ento superior a 70% dos 55 milhões de eleitores registrado­s para votar.

Até a conclusão desta edição, números oficiais da apuração não haviam sido divulgados pelo governo.

O horário de votação, previsto para terminar às 18h locais (10h30 em Brasília), foi estendido até a 0h local (16h30 em Brasília), devido ao grande número de iranianos que aguardavam nas filas dos locais de votação.

Esse fator é visto como um bom sinal para Rowhani, cujos apoiadores se preocupava­m com uma eventual apatia entre os eleitores reformista­s desiludido­s com o ritmo lento de abertura do governo do presidente moderado.

Em 2013, Rowhani foi eleito ainda no primeiro turno, com 50,9% dos votos, contra 16% do segundo colocado. O comparecim­ento às urnas HASAN ROWHANI, 68 presidente e candidato à reeleição

IBRAHIM RAISI, 56

candidato conservado­r

“candidato eleito deve ser ajudado a exercer sua pesada responsabi­lidade O resultado será respeitado por mim e todas as pessoas

havia sido de 72,8%.

De 1981 para cá, nenhum presidente iraniano fracassou em uma tentativa de reeleição, mas Rowhani enfrenta críticas devido aos problemas econômicos do país.

O desemprego estacionou em 10% —entre os jovens, chega a 30%. A inflação em março deste ano foi de 11,9%.

O acordo assinado em 2015 com o Ocidente —que restringe o programa nuclear iraniano em troca de reduzir as sanções econômicas contra Teerã— tinha posição central no projeto de Rowhani para tirar o Irã do isolamento e reintegrá-lo à economia global.

O presidente considera que o país está se benefician­do da melhora no relacionam­ento com o Ocidente. Mas, até o momento, o acordo não levou a um grande avanço na vida dos iranianos comuns.

Raisi explorou esse ponto em sua campanha populista, que o colocou como “pai dos pobres”. Ele dirige uma das principais organizaçõ­es de caridade do mundo islâmico.

Principal nome da linhadura religiosa e visto como o que mais agrada ao líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei, Raisi prometeu aumentar a ajuda governamen­tal aos pobres e criar mais de 1 milhão de empregos em seu primeiro ano de governo.

Rowhani declarou, após votar, que a eleição é importante “para o futuro do papel do Irã na região e no mundo”. “Qualquer candidato que seja eleito deve ser ajudado a exercer sua pesada responsabi­lidade”, disse.

“O resultado será respeitado por mim e por todas as pessoas”, afirmou Raisi, depois de depositar seu voto na urna. Caso nenhum candidato obtenha mais de 50% dos votos, um segundo turno com os dois melhores colocados será realizado no dia 26.

Além do acordo nuclear, a eleição deve ter impacto em uma eventual sucessão do aiatolá Khamenei, 77. Em 2014, ao ser submetido a uma cirurgia na próstata, o líder supremo atraiu preocupaçõ­es. Raisi já foi considerad­o para substituir Khamenei.

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Presidênci­a do Irã/Reuters

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