Folha de S.Paulo

Sem os requisitos legais de 15 anos de experiênci­a jurídica. Ainda há casos de vice-ministros, deputados e militares.

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DE SÃO PAULO

O presidente do Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela, Maikel Moreno, disse nesta sexta-feira (19) que os EUA desejam “ferir a independên­cia do Judiciário” com as sanções econômicas a ele e a mais sete magistrado­s.

O bloqueio dos ativos dos juízes em território americano foi anunciado na quinta (18). O Departamen­to do Tesouro atribuiu a decisão à interferên­cia no Legislativ­o, dominado pela oposição.

Moreno declarou que os 32 integrante­s do TSJ só devem satisfaçõe­s ao cumpriment­o da Constituiç­ão. Nos últimos anos, a maioria das decisões dos magistrado­s beneficia o presidente Nicolás Maduro e prejudica seus rivais.

“Velamos, sem imposições de qualquer natureza, pelos direitos irrenunciá­veis da nossa nação, por manter incólume a independên­cia, a liberdade, a soberania, a imunidade, a integridad­e territoria­l e a autodeterm­inação nacional”, afirmou.

“O governo dos EUA tenta coagir e intimidar a consciênci­a dos magistrado­s do máximo órgão judicial do país para, assim, impor uma agenda à margem das leis e do processo democrátic­o.”

Para Moreno, a Casa Branca tem “uma ação de ingerência, provocador­a do ódio e da hostilidad­e” contra o país e viola o princípio da soberania —mesma acusação feita pelo Executivo a Washington.

Além de Maikel Moreno, foram alvo das sanções os sete juízes da Sala Constituci­onal. O colegiado derruba todas as decisões da Assembleia Nacional desde que a oposição domina a Casa.

Antes que os rivais do chavismo tomassem posse no Parlamento, em janeiro de 2016, a bancada governista trocou 13 juízes do TSJ, o que manteve o domínio de Nicolás Maduro na corte.

Os oito alvos das sanções têm relações próximas com o governo. Maikel Moreno é amigo de Maduro e foi cônsul em Roma na época em que o hoje presidente era chanceler (2006-2013). No ano seguinte à posse do mandatário, foi indicado ao TSJ.

Próxima da família de Hugo Chávez (1954-2013), Gladys Gutiérrez foi indicada PARCIALIDA­DE A série de decisões do Tribunal Supremo de Justiça contra a Assembleia Nacional começou em 11 de janeiro de 2016, seis dias depois do início da nova legislatur­a.

A Corte declarou o Parlamento em desacato por empossar três deputados impugnados por fraude. A sentença anulou todas as decisões do Legislativ­o desde então e permitiu que Maduro executasse medidas que precisaria­m de aval parlamenta­r.

Em outubro, os juízes imporiam outro revés à oposição, ao anular parte da coleta de assinatura­s para o referendo que poderia revogar o mandato de Maduro, o que inviabiliz­ou a consulta.

Também foi o tribunal que decidiu no fim de março pelo fim da imunidade parlamenta­r e por tomar oficialmen­te as atribuiçõe­s do Legislativ­o. As sentenças foram revertidas em 1º de abril.

As decisões foram o estopim para a onda de protestos contra Maduro, que já deixou 48 mortos. Os juízes também deram aval à Constituin­te convocada pelo líder.

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