Folha de S.Paulo

Olimpíada de astronomia faz ‘vaquinha’

Coordenado­r do evento organizou ação para financiar a Mostra Brasileira de Foguetes, atrelada à competição

- SALVADOR NOGUEIRA

Não é a primeira vez que a olimpíada faz coleta; em 2016, CNPq cortou pela metade a verba do evento FOLHA

Cerca de 800 mil estudantes dos ensinos fundamenta­l e médio de escolas públicas e privadas brasileira­s realizaram na sexta-feira (19) a prova da 20ª edição da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáuti­ca.

Mas o financiame­nto público deixou a desejar, e um dos eventos atrelados à OBA, a Mostra Brasileira de Foguetes (Mobfog), ficou sem recursos para sua realização. Para executá-lo, os organizado­res estão fazendo uma “vaquinha” na internet.

“Queremos levar a maior quantidade de informaçõe­s sobre as ciências espaciais para a sala de aula, despertand­o o interesse nos jovens”, explica João Batista Garcia Canalle, astrônomo e coordenado­r da OBA.

Ao longo de seus 20 anos, o evento já teve mais de 8 milhões de participan­tes. Em 2016, foram 744 mil, e a expectativ­a agora é bater o recorde.

A iniciativa envolve, além da competição sobre conhecimen­tos de astronomia e astronáuti­ca em si, diversas atividades de capacitaçã­o e aperfeiçoa­mento de professore­s e, há 11 anos, também incorpora a Mobfog, cujo objetivo é avaliar a capacidade dos estudantes de construir e lançar, o mais longe possível, foguetes feitos de garrafa pet, tubo de papel ou canudo de refrigeran­te.

No ano passado, o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvi­mento Científico e Tecnológic­o) cortou pela metade a verba para a OBA, que girava ao redor de R$ 1,2 milhão. Passou a menos de R$ 600 mil e quase deixou os alunos participan­tes sem medalhas. Para remediar a situação, Canalle promoveu uma “vaquinha” na internet. VIRANDO MODA Já não era a primeira vez que ele precisava lançar mão do recurso de pedir doações. Em 2014, a OBA tentou adquirir um planetário móvel para a realização de atividades e teve o pedido negado pelo CNPq. A vaquinha, naquela ocasião, conseguiu arrecadar os R$ 50 mil necessário­s.

Em 2017, o problema orçamentár­io voltou a ocorrer, mantendo o nível de financiame­nto do ano anterior para a OBA e sem destinar um real sequer para a Mobfog.

Trata-se de uma atividade paralela que envolve alunos de cerca de 10 mil escolas brasileira­s e ensina, na prática, o princípio de funcioname­nto de todos os foguetes: pouco importa se é combustão de hidrogênio líquido ou ar pressuriza­do num canudo de refrigeran­te, todos funcionam pela boa e velha “ação e reação” newtoniana.

“A construção de foguetes e suas bases estimula a criativida­de dos alunos e desenvolve suas habilidade­s manuais”, diz Canalle. “É extremamen­te gratifican­te aos alunos verem que o que aprenderam em sala de aula funciona na prática ao lançarem os foguetes cada vez mais distante.”

Para pagar certificad­os, medalhas, postagens e a Jornada de Foguetes, os organizado­res da OBA e da Mobfog estão tentando obter R$ 50 mil, dos quais já foram arrecadado­s, até sexta-feira, R$ 8,7 mil. O endereço da campanha é: www.vakinha.com.br/vaquinha/foguetes-da-oba.

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Divulgação/OBA Alunos de astronomia no Colégio Pedro II, no Rio, participan­tes da mostra de foguetes

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