Reforma da saúde enfrenta desafios nos EUA
Projeto que deve ser votado no Senado nesta semana sofre resistência de congressistas
Líderes republicanos no Senado americano tentaram no domingo (25) angariar apoio a seu projeto de lei da saúde, enquanto a oposição à legislação crescia fora do Congresso e dois senadores republicanos questionavam se a proposta seria aprovada esta semana.
O presidente Donald Trump manifestou confiança nas chances de aprovação da lei, que revoga a essência do Obamacare, a lei de saúde acessível implementada pela administração anterior.
“A reforma da saúde é uma coisa muito, muito difícil de fazer”, disse Trump no domingo no canal Fox News. “Mas acho que vamos fazer. Não temos muita escolha, pois a alternativa seria a carcaça morta do Obamacare.”
Senadores e seus assessores passaram o fim de semana estudando o projeto de lei, redigindo possíveis emendas, preparando discursos e compilando relatos pessoais de pessoas que descreveram como beneficiárias ou vítimas do Obamacare.
O projeto de lei foi esboçado em segredo pelo líder da maioria republicana no Senado, Mitch McConnell, do Kentucky, que anunciou o conteúdo do projeto na quinta (22). Ele quer que a lei seja submetida votada no Senado ainda nesta semana, antes do recesso do feriado da Independência, em 4 de julho.
Os defensores do projeto de lei combatem uma grave ameaça interna: republicanos relutantes. O senador republicano Ron Johnson, do Wisconsin, disse no domingo: “De maneira alguma deveríamos votar” o projeto de lei nesta semana.
“Acho que os parlamentares do Wisconsin e eu mesmo dificilmente teremos tempo suficiente para avaliar o projeto corretamente para poder levá-lo adiante”, disse Johnson no programa “Meet the Press”, da rede NBC.
E a senadora republicana Susan Collins, do Maine, disse no programa “This Week”, do canal ABC: “Acho que o projeto de lei dificilmente será aprovado esta semana, mas cabe ao líder da maioria definir o que vai acontecer. É bem possível que a gente vare uma ou duas noites.”
Boa parte do setor de saúde do país, que movimenta US$ 3 trilhões por ano, é contra o novo projeto de lei. E Mitch McConnell fez pouco para cortejar os principais interessados na saúde, que foram procurados assiduamente por Barack Obama a partir de seus primeiros meses na Presidência, enquanto ele lutava pela legislação.
Hoje 51% dos americanos têm uma visão positiva da Obamacare, segundo pesquisa mensal de rastreamento da Fundação da Família Kaiser. “É a primeira vez em nossas 79 pesquisas de rastreamento, feitas ao longo de sete anos, que o percentual de americanos favoráveis ao Obamacare passa de 50%”, comentou um representante da fundação.
CLARA ALLAIN