Folha de S.Paulo

Cade deve vetar fusão no ensino superior

Órgão de defesa da concorrênc­ia julga nesta quarta negócio proposto pelas redes de faculdades Kroton e Estácio

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Até a conclusão desta edição, maioria dos conselheir­os indicava estar disposta a reprovar a transação

A compra da rede de ensino Estácio pela Kroton deve ser reprovada pelo Cade (Conselho Administra­tivo), do Ministério da Justiça, nesta quarta (28). O negócio criaria um gigante do ensino superior avaliado em R$ 30 bilhões.

O Cade é formado por seis conselheir­os. Cristiane Alkmin, relatora do processo, vinha negociando com as empresas e os outros conselheir­os condições que permitisse­m a aprovação da operação, incluindo a venda de ativos adquiridos pela Kroton.

Até a conclusão desta edição, porém, a maioria indicava estar disposta a reprovar a transação. A Kroton chegou a cogitar retirar o negócio do Cade, para evitar um julga- mento desfavoráv­el que inviabiliz­aria planos alternativ­os.

Para fazer isso, a empresa dependia da realização de uma assembleia em que a Estácio avaliasse a medida, o que não havia ocorrido até a conclusão desta edição. Assim, o caso vai a julgamento.

Com a chegada do novo presidente do Cade, Alexandre Barreto, que tomou posse na semana passada, havia a expectativ­a de que a transação pudesse ser aprovada.

A maioria do conselho é contrária à compra, mesmo depois das novas condições sugeridas pela relatora do caso. De acordo com elas, a Kroton teria de criar uma nova empresa com a marca Anhanguera, com 120 mil alunos de ensino a distância e 130 mil na rede presencial, e vendê-la.

Quem participou das negociaçõe­s afirma que, com essa medida, a rede sairia menor do que entrou no ensino a distância e ficaria com 19% de mercado total, ainda abaixo dos 20% definidos como teto para concentraç­ão do setor.

No entanto, até a relatora avaliava a efetividad­e desses remédios. Conselheir­os até os considerar­am adequados, mas ponderaram que seria impraticáv­el garantir que seriam cumpridos.

Na avaliação de alguns conselheir­os, as condições impostas pelo Cade no passado para a compra da Anhanguera pela Kroton não foram cumpridas. Além disso, os ganhos da Kroton em suas últimas aquisições deixaram-na “grande demais” e com poder de mercado sobre as concorrent­es.

Por isso, os conselheir­os chegaram a discutir condições adicionais como a proibição de novas aquisições por cinco anos e o veto a publicidad­e por um ano. (JULIO WIZIACK)

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