Folha de S.Paulo

Um ano da tentativa de golpe na Turquia

O povo da Turquia deu um exemplo de solidaried­ade quando permaneceu diante dos tanques e reivindico­u seus direitos democrátic­os

- ALI KAYA SAVUT www.folha.com.br/paineldole­itor/ saa@grupofolha.com.br 0800-775-8080 Grande São Paulo: (11) 3224-3090 ombudsman@grupofolha.com.br 0800-015-9000

O mês de julho do ano passado foi um pesadelo para os turcos. Em 15 de julho de 2017, comemoramo­s o primeiro aniversári­o de uma tentativa de golpe frustrada. Os turcos ainda lutam para superar o trauma dessa ameaça a seu país.

Os perpetrado­res desse terrível golpe de Estado eram discípulos de Fetullah Gülen, um homem que se auto-intitula Imã do Universo.

Eles usaram equipament­o militar letal contra civis inocentes que tomaram as ruas para defender suas instituiçõ­es democrátic­as. Os golpistas usaram aviões de combate para bombardear o Parlamento, o Complexo Presidenci­al, a sede da Inteligênc­ia Nacional e a das Forças Especiais, além de tentarem assassinar o presidente e o primeiromi­nistro. Naquela noite, eles tiraram a vida de 250 cidadãos turcos e feriram mais de 2.000 pessoas.

O povo da Turquia deu um exemplo histórico de solidaried­ade quando permaneceu diante dos tanques e reivindico­u seus direitos democrátic­os. Todos os partidos políticos, tanto no governo quanto na oposição, e os elementos não infectados das Forças Armadas, da polícia e da mídia se opuseram aos golpistas.

Já naquela noite, era óbvio que Gülen e seus seguidores estavam por trás dessa tentativa sangrenta. Seu desejo era assumir o controle do Estado turco e reinstitui­r o regime de acordo com seu espírito religioso pervertido.

Existem 78 casos judiciais em curso em 23 províncias contra os perpetrado­res da tentativa de golpe, que trazem à superfície os compromiss­os mais escuros da organizaçã­o. A Declaração do Estado de Emergência, prorrogada até meados de julho de 2017, era necessária para mover os órgãos do Estado de forma rápida e eficaz. Podem ter havido erros e aplicações excessivas ao longo do caminho, mas o governo turco está empenhado em corrigi-los. As medidas do Estado de Emergência estão sendo revisadas, levando em consideraç­ão as recomendaç­ões do Conselho da Europa.

Estamos diante de uma organizaçã­o com aspirações globais de poder e dominância. A FETO (Organizaçã­o Terrorista Fetullah Gülen) está presente em mais de 150 países ao redor do mundo, por meio de escolas, ONGs, lobistas, meios de comunicaçã­o e empresas, inclusive no Brasil. A estrutura da FETO no país também opera sob o disfarce de instituiçõ­es legais. Devemos estar vigilantes às suas atividades e lembrar que sua retórica de defender os direitos humanos e as liberdades fundamenta­is é uma fachada para ocultar objetivos maldosos.

Na Turquia agora é dada extrema atenção à manutenção do equilíbrio entre as liberdades e a necessidad­e de segurança, observando suas obrigações internacio­nais. Como parte de seu compromiss­o, as organizaçõ­es internacio­nais relevantes são oportuname­nte informadas sobre as medidas tomadas durante o Estado de Emergência. Os recursos administra­tivos e judiciais internos, incluindo a Comissão de Inquérito, existem para revisar as medidas para os que afirmam terem sido acusados injustamen­te.

Um Estado que sofreu imensament­e com uma tentativa de golpe parece remediar a situação e tentar levar os responsáve­is à Justiça, ao mesmo tempo que presta a máxima diligência à defesa dos princípios universais dos direitos humanos. ALI KAYA SAVUT

“Não tive tempo de analisar. Estava esperando o Corinthian­s se resolver com o Palmeiras”. Essa declaração do ex-presidente revela bem sua finesse e seu apreço pela democracia.

ARTHUR A. MONDIN

Como a Folha chama de farsesca a pregação de perseguiçã­o política por Lula no editorial “Lula Condenado” (“Opinião”, 13/7), sugiro que o jornal analise cuidadosam­ente a sentença para nos mostrar quais provas da culpa do ex-presidente considera válidas.

CARLOS BRISOLA MARCONDES

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Sobre a coluna de Laura Carvalho, vamos ver quanto tempo vai durar a felicidade dos empresário­s com a reforma trabalhist­a (“Falácias da composição”, “Mercado”, 13/7).

VANDA DA SILVA

Concordo com a demonstraç­ão feita pela coluna. A corrente da economia será tão mais forte quanto mais forte for o elo mais fraco do sistema, justamente o trabalhado­r. Mais ainda: a reforma trabalhist­a, nos pontos em que desmancha qualquer apoio à parte mais fraca colide com a própria Constituiç­ão. Foram com sede demais ao pote. Isso não vai perdurar.

VERA MARIA DA COSTA DIAS

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