GOVERNO ENCURRALADO Inseguro, governo adia votação em plenário
Após reunião no Planalto, Maia anuncia que nova votação será dia 2 de agosto
Plano inicial de Temer era derrubar denúncia ainda neste mês; quorum pré-recesso motiva mudança
Em um sinal de que não tem segurança de vitória, a base de apoio a Michel Temer desistiu na noite desta quinta-feira (13) de tentar votar a denúncia no plenário da Câmara ainda neste mês.
Após acordo entre governistas e oposição, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), anunciou que a sessão deve começar às 9h do dia 2 de agosto, após as férias parlamentares de julho, e se encerrar no mesmo dia.
A sessão deve começar com pronunciamentos do relator, Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), contrário à denúncia, e da defesa, por 25 minutos cada. Em seguida, haverá discussão entre os parlamentares.
A votação será nominal e aberta. Cada parlamentar precisará se manifestar no microfone se aceita ou rejeita a acusação da Procuradoria-Geral da República, para quem Temer cometeu corrupção passiva no exercício do cargo.
Se 342 deputados votarem a favor do prosseguimento da denúncia, o caso é enviado ao Supremo Tribunal Federal. Se a corte aceitá-la, Temer vira réu e é afastado do cargo por até 180 dias para ser julgado pelo STF.
Líderes pró-Temer insistiam na tentativa de votar a denúncia na segunda-feira (17), mas a avaliação era de que não seria possível atingir o quorum necessário para abrir a votação, de 342 deputados, na véspera do início do recesso parlamentar.
Além da disposição da oposição de esvaziar a sessão, o Palácio do Planalto reconheceu que boa parte dos parlamentares da base aliada devem emendar a folga de fim de semana em seus Estados e não devem aparecer para votar a denúncia.
Para tentar conseguir quorum, Temer chegou a discutir a convocação de um jantar na noite de domingo (16) com os deputados governistas, para estimular o retorno dos deputados a Brasília. RECEIOS O esforço do Planalto para concluir o processo o quanto antes se dá pelo receio de que apareçam novas denúncias e de que os parlamentares sejam pressionados durante o recesso em suas bases eleitorais, sobretudo no Norte e no Nordeste, onde a impopularidade de Temer é maior.
Em reunião nesta quinta (13), Maia disse a aliados que seria “muito ruim” para o governo não conseguir atingir o quorum para abrir a sessão.
Na avaliação do presidente da Câmara, ao fracassar na tentativa de alcançar o quorum em plenário, Temer daria sinais de que não conta mais com uma base de 350 a 400 deputados, como chegou a alardear, enfraquecendo ainda mais sua imagem.
(BRUNO BOGHOSSIAN, DANIEL CARVALHO, MARINA DIAS E GUSTAVO URIBE) 180 dias