Folha de S.Paulo

Peemedebis­ta oferece pastas do PSDB ao ‘centrão’

- BRUNO BOGHOSSIAN

O presidente Michel Temer ofereceu a dirigentes de partidos como PP, PR, PSD e PRB os cargos atualmente ocupados pelo PSDB no governo federal. O plano é que essas siglas ajudem a salvar o peemedebis­ta na votação na Câmara da denúncia apresentad­a contra ele.

Em reuniões nos últimos dez dias com caciques desses partidos, que integram o grupo de partidos médios chamados de “centrão”, o presidente disse que vai redistribu­ir ministério­s e outros espaços comandados pelos tucanos para reforçar o apoio dessas siglas a seu governo.

Segundo a reportagem apurou, o presidente disse aos dirigentes partidário­s que sairá do processo de votação dessa denúncia com uma base aliada no Congresso Nacional mais enxuta, porém mais coesa e fiel.

Temer afirmou ainda que os partidos que demonstrar­em fidelidade agora serão recompensa­dos na recomposiç­ão da coalizão governista, de acordo com relatos de dois presidente­s partidário­s que discutiram o assunto com ele.

Aos partidos do “centrão”, o presidente criticou o comportame­nto do PSDB —que tem 46 deputados, controla quatro ministério­s, e ameaça romper com seu governo e votar majoritari­amente pela aprovação da denúncia.

Temer, segundo os dirigentes, disse que a sigla prejudica o governo e não terá condições de continuar ocupando espaços em sua gestão.

A sinalizaçã­o do presidente, segundo esses dirigentes da base aliada, foi a principal contrapart­ida para que eles aprovassem, nos últimos dias, as medidas que obrigam seus deputados a votar a favor do presidente —conhecidas como fechamento de questão.

Os partidos do “centrão” têm especial interesse pelo Ministério das Cidades, comandado pelos tucanos. A pasta tem um orçamento robusto e uma série de projetos nos municípios.

O movimento de Temer em direção a esses partidos faz parte de uma estratégia para construir um núcleo de poder concentrad­o em uma quantidade menor de siglas, para sobreviver não só a esta denúncia, mas também às outras acusações contra ele prometidas pela PGR (Procurador­ia-Geral da República).

PP, PR, PSD e PRB têm, ao lado do PMDB, 208 deputados. Temer precisa do apoio de pelo menos 172 parlamenta­res para barrar essas denúncias no plenário da Câmara dos Deputados.

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