Senado convocará Trump Jr. para depor
Comissão de Justiça diz que pode emitir intimação; Comissão de Inteligência também quer explicações e papéis
Em Paris, Trump volta a defender o filho e a dizer que encontro para obter informação sobre adversária é corriqueiro
O presidente da Comissão de Justiça do Senado, o republicano Chuck Grassley, anunciou nesta quinta-feira (13) que irá convidar Donald Trump Jr., filho mais velho do presidente dos Estados Unidos, a depor sobre suas ligações com a Rússia durante a campanha eleitoral de 2016.
Segundo Grassley, o depoimento deverá ocorrer em audiência aberta na próxima semana e, se preciso, Trump Jr. será intimado a comparecer.
O executivo, que coordena com seu irmão Eric os negócios de seu pai desde que ele assumiu a Presidência, em 20 de janeiro deste ano, foi tragado para o centro do escândalo sobre o suposto conluio entre a equipe de campanha de Trump para Casa Branca e o governo da Rússia.
No fim de semana, o jornal “New York Times” revelou que Trump Jr. se reuniu em junho de 2016, durante a campanha eleitoral, com a advogada russa Natalia Veselnitskaia em busca de informações comprometedoras sobre a presidenciável democrata Hillary Clinton.
Após a revelação, Trump Jr. divulgou na terça (11) e-mails trocados em junho de 2016 com um intermediário de contatos na Rússia.
Nos textos, o produtor musical britânico Rob Goldstone oferece “documentos e informações oficiais que incriminariam Hillary e os negócios dela” no país como parte de um “esforço do governo russo para ajudar Trump”. Goldstone trabalha para os empresários Emin e Aras Agalarov, próximos ao Kremlin.
Trump Jr. respondeu então: “Se for o que você está falando mesmo, eu adorei”.
Depois disso, eles agendaram um encontro em 9 de junho daquele ano em Nova York entre Trump Jr. e Veselnitskaia, descrita por Goldstone como uma “advogada do governo russo”. IMPEACHMENT O caso envolvendo Trump Jr. não tem relação direta com as atuais investigações do FBI (polícia federal americana) e do Congresso sobre a possível interferência do governo russo nas eleições de 2016 e sobre a relação de membros da equipe de campanha de Donald Trump com Moscou.
Mesmo assim, adensa a névoa de suspeição sobre ligações espúrias da família Trump nos negócios e, agora, na política. Na quarta, um deputado democrata da Califórnia protocolou o primeiro pedido de impeachment contra Trump citando o caso.
Em Paris nesta quinta (13), o presidente americano voltou a defender o filho e dizer que o ocorrido é “prática corriqueira” na política.
“Chama-se pesquisa da oposição, ou mesmo pesquisar seu oponente”, disse Trump durante entrevista coletiva ao lado do presidente francês, Emmanuel Macron.
O escolhido por Trump para comandar o FBI, Christopher Wray, afirmou em sabatina no Senado que “qualquer ameaça ou esforço para interferir nas eleições [dos EUA] por um Estado-nação ou por um agente não-estatal é do interesse do FBI”.
O principal democrata na Comissão de Inteligência do Senado, Mark Warner, declarou nesta quinta que também gostaria de ouvir explicações de Trump Jr. e já solicitou a ele que apresente documentos sobre o caso.
Até a conclusão desta edição, nenhum advogado da família Trump havia se manifestado a respeito do encontro do primogênito do presidente com a advogada russa.