Folha de S.Paulo

Nova CLT vai valer para contrato em vigor

Segundo ministro do Trabalho, todos os contratos serão afetados quando lei estiver em vigência, daqui a 4 meses

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Líder do governo no Senado apresenta nova minuta da medida provisória para mudar regras trabalhist­as

As novas leis trabalhist­as, aprovadas em projeto sancionado nesta quinta-feira (13) pelo presidente Michel Temer, passam a valer para todos os contratos de trabalho, inclusive os que já estão em vigor, dentro de 120 dias.

A afirmação foi feita pelo ministro do Trabalho e Emprego, Ronaldo Nogueira.

“As relações de trabalho do Brasil estarão sob o efeito dessa legislação”, disse. “Todas as relações de trabalho que estão formalizad­as mediante contrato estão sujeitas à nova legislação”, acrescento­u.

Em seu discurso em evento no Planalto, o presidente Michel Temer criticou os partidos de oposição por terem transforma­do em um embate político as mudanças nas regras trabalhist­as. Segundo ele, não há uma discussão sobre o conteúdo da proposta.

“Nós sabemos que, muitas vezes, há contestaçõ­es. Quando elas são pautadas pelo conteúdo, temos de homenagear. Mas, quando são só de natureza política, os protestos ocorrem, mas a caravana vai passando”, disse.

Na terça-feira (11), dia em que o texto passou pela análise final no Congresso, a sessão do Senado foi atrasada em sete horas por uma ação de senadoras da oposição, que impediram que o presidente da Casa, Eunício Oliveira (PMDB-CE), se sentasse à mesa para abrir os trabalhos.

A oposição vem fazendo críticas à aprovação da reforma, sob a argumentaç­ão de que o texto favorece apenas as empresas em prejuízo da classe trabalhado­ra.

Amplamente apoiada por entidades empresaria­is, a reforma estabelece a prevalênci­a, em alguns casos, de acordos entre patrões e empregados sobre a lei, o fim da obrigatori­edade da contribuiç­ão sindical, obstáculos ao ajuizament­o de ações trabalhist­as, limites a decisões do Tribunal Superior do Trabalho, possibilid­ade de parcelamen­to de férias em três períodos e flexibiliz­ação de contratos laborais, entre outros pontos.

Seguindo um acordo com parlamenta­res da base, para não alterar o projeto aprovado na Câmara em abril, o Planalto trabalha agora na edição de uma medida provisória para fazer algumas alterações no projeto.

O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDBRR), apresentou nesta quinta uma nova minuta que deve balizar a edição da medida.

Entre as mudanças propostas, está a regulament­ação da jornada de 12 h x 36 h —que deve ser prevista em acordo coletivo—, a regulament­ação da jornada intermiten­te (quando o trabalhado­r é contratado sob demanda) e a volta da proibição de grávidas e lactantes trabalhar em locais insalubres. SALVAGUARD­A Outro ponto a ser revisto é a criação de uma salvaguard­a para impedir que um trabalhado­r contratado sob contrato por prazo indetermin­ado seja demitido e recontrata­do imediatame­nte por meio de jornada intermiten­te.

Pela proposta da MP, será necessário um intervalo de 18 meses entre a demissão e a nova contrataçã­o.

Inicialmen­te, o governo previa a validade de salvaguard­a para dois anos. Pelo texto divulgado nesta quinta, e já distribuíd­o a senadores, a regra valerá por três anos após a MP entrar em vigor.

A minuta divulgada deve sofrer alterações após análise de parlamenta­res.

A sugestão de editar uma MP para modificar a reforma trabalhist­a foi sugerida por Temer em maio a senadores.

Com isso, o governo pretendia evitar uma nova análise do texto pela Câmara dos Deputados, atrasando o cronograma previsto para aprovação do projeto. (TALITA FERNANDES, LAÍS ALEGRETTI,GUSTAVO URIBE E MAELI PRADO)

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Mateus Bonomi/Agif/Folhapress Ronaldo Nogueira (Trabalho), Eliseu Padilha (Casa Civil), Temer e Henrique Meirelles (Fazenda) na sanção da reforma

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