Folha de S.Paulo

Em delação, JBS diz que pagou até R$ 20 mil por mês a fiscais

Presidente da empresa afirma que prática é comum no setor

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O empresário Wesley Batista, acionista e sócio da JBS, afirmou em delação premiada que a companhia fez durante anos pagamentos mensais a auditores agropecuár­ios encarregad­os de fiscalizar suas unidades de produção.

Os fiscais recebiam entre R$ 1.000 e R$ 20 mil, segundo um dos anexos da colaboraçã­o do empresário.

A informação foi divulgada nesta quinta-feira (13) pelo “Valor Econômico”. Segundo o jornal, a empresa fez pagamentos a cerca de 200 fiscais e a lista com os nomes será encaminhad­a em breve ao Ministério Público Federal.

Mediante pagamento, os fiscais trabalhava­m fora de seu expediente normal e atendiam pedidos para “flexibiliz­ar” a aplicação das normas sanitárias, ainda de acordo com o executivo da JBS.

Wesley afirma que os abatedouro­s funcionam mais de 16 horas por dia, mas que o Ministério da Agricultur­a não possui pessoal suficiente para garantir a inspeção durante toda a jornada semanal.

A JBS pagava então aos fiscais para que ampliassem o horário de trabalho ou ficassem de sobreaviso.

De acordo com o empresário, por vezes o objetivo do pagamento era também flexibiliz­ar a aplicação das normas de fiscalizaç­ão. Mas isso, diz Wesley, não afetava a segurança alimentar do produto.

O presidente da JBS disse que pagar a fiscais é uma prática comum do setor e ocorre há muitos anos no país.

Detalhes do esquema podem arranhar a já abalada imagem da carne brasileira no exterior. Em junho, os Estados Unidos suspendera­m a importação de carne bovina “in natura” do Brasil.

O pagamento de propina a fiscais sanitários foi um dos alvos da Operação Carne Fraca, em março. A JBS, dona das marcas Seara e Friboi, estava entre os 21 frigorífic­os investigad­os, mas não teve unidades interditad­as na ocasião.

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