Folha de S.Paulo

Ex-sede do governo, palácio vai virar ‘escola de negócios’

Alckmin vai passar Palácio dos Campos Elíseos ao Sebrae; imóvel ficou 11 anos fechado e sofreu reformas de R$ 20 mi

- GIBA BERGAMIM JR.

Projeto prevê a criação de uma incubadora de economia criativa e um museu da história do próprio prédio

“Este é o fim do velho palácio”, dizia reportagem da Folha de 18 de outubro de 1967, quando um incêndio destruiu a antiga sede do governo do Estado, à época moradia do então governador Abreu Sodré e sua família.

Passados 50 anos e após uma série de tentativas de manter o Palácio dos Campos Elíseos, na avenida Rio Branco (região central), em atividade, o governo quer dar um destino mais animador ao espaço, vazio desde 2006.

Para isso, passou a administra­ção do imóvel construído no fim do século 19 para o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), que criará ali um espaço de economia criativa.

A intenção é que o casarão seja uma incubadora de empresas e um museu voltado à história da antiga residência oficial dos governador­es.

Para colocar a ideia de pé, um convênio será assinado nesta sexta (14) pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) em cerimônia no local. Desde 1965, o Palácio dos Bandeirant­es, no Morumbi (zona oeste) é a sede do governo — Sodré já despachava ali quando houve o acidente, embora morasse no antigo gabinete .

O acordo prevê que o Sebrae mantenha a unidade ali por cinco anos, período que pode ser prorrogado.

A previsão é que as atividades voltadas ao desenvolvi­mento econômico tenham início em outubro.

“A intenção do governo sempre foi achar o melhor destino para aquele prédio icônico. Nossa expectativ­a é criar o centro nacional de referência de tecnologia, empreended­orismo e economia criativa”, disse Bruno Freitas, responsáve­l pela unidade de inovação da Secretaria de Governo.

Antes de ficar fechado, o palácio, abrigou até 2006 a Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia. Antes disso, o ex-governador José Serra (PSDB) tinha planos de voltar a despachar ali, a três quadras da cracolândi­a.

De lá para cá, o prédio ficou sem função e foi submetido a reformas que consumiram algo aproximada­mente R$ 20 milhões.

O novo inquilino dispõe de um projeto básico de ocupação do palacete, inaugurado em 1899 para ser a moradia do cafeiculto­r e político Elias Pacheco Chaves. MUSEU E STARTUP Como o imóvel é tombado pelo patrimônio histórico, as intervençõ­es nas áreas da propriedad­e de 4.000 m² terão que ser mínimas.

Segundo Bruno Caetano, diretor-superinten­dente do Sebrae, o térreo dará espaço ao Museu da Casa Paulista. “A antiga ideia de abrigar um espaço de memória do prédio e de todo seu entorno será preservada, sempre com a curadoria da Secretaria Estadual de Cultura”, disse Caetano.

No mesmo piso haverá um espaço de atendiment­o e consultori­a para potenciais microempre­endedores e alunos da rede pública —o projeto prevê participaç­ão de alunos de Etecs e Fatecs em iniciativa­s ali. Haverá um caminho exclusivo para alunos da rede pública”, disse Caetano.

No primeiro andar estarão salas de coworking —modelo de trabalho crescente no mundo baseado no compartilh­amento de um espaço que reúne profission­ais de diferentes áreas de atuação. Além disso, um auditório de realidade virtual e um “media lab” (espaço voltado a projetos de edição de áudio e vídeo).

Já o sótão abrigará incubadora­s de startups, projeto que busca auxiliar empreended­ores iniciantes a aprimorar técnicas de gestão em áreas como moda, games, arquitetur­a e tecnologia .

Caetano disse que o Sebrae investirá em mão de obra e infraestru­tura, porém não especifico­u valores.

“Tudo será feito mediante edital e processo seletivo”, afirmou. Diz ele que haverá incentivo a projetos que busquem soluções para problemas e desafios da esfera pública —numa hipótese, um sistema para organizar filas de exames médicos.

Se esse projeto for adiante, quem trabalhar no espaço terá acesso à atmosfera do passado de glamour de uma São Paulo ainda no furor da então emergente produção do café. Será o retorno do velho palácio.

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Fotos Eduardo Knapp - 23.dez.2016/Folhapress Exterior do Palácio dos Campos Elíseos, no centro de São Paulo, reformado, mas vazio
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Salão do prédio de 1899 que foi sede do governo; em 1967, foi destruído por um incêndio

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