Médico deve parar de fingir trabalho, diz Barros
DE BRASÍLIA
O ministro da Saúde, Ricardo Barros, defendeu nesta quinta (13) a adoção de biometria em todas as unidades de saúde e de um “padrão de produtividade” para fiscalizar profissionais do SUS, em especial os médicos.
“Vamos parar de fingir que pagamos o médico e o médico parar de fingir que trabalha”, disse a secretários municipais de Saúde , em evento no Palácio do Planalto. “A biometria do funcionário vai permitir que essas pessoas cumpram o contrato que fizeram com o poder público.”
As declarações motivaram reação de entidades médicas, que as consideraram “inadequadas” e “pejorativas”. Nos últimos meses, Barros já havia entrado em atrito com a categoria após afirmar que os médicos não mostram disposição para o trabalho.
Nesta quinta, ele disse que é preciso ainda estabelecer metas de desempenho para que prefeituras os fiscalizem, como tempo de consultas.
Ele declarou que hoje o médico “vai lá, faz cinco minutos de consulta e vai embora” e citou como exemplo parâmetro da OMS (Organização Mundial de Saúde) de 15 minutos.
Em outra declaração polêmica, Barros afirmou que muitos pacientes buscam diretamente o pronto-socorro dos hospitais porque médicos não cumprem a carga horária contratada nas unidades básicas de saúde.
“O grande problema de saúde é que não conseguimos fazer com que o médico fique quatro horas na unidade.”
Segundo ele, o governo publicou credenciamento para selecionar empresas para adotar biometria nas unidades até 2018. O custo será dividido entre União e municípios.
Em nota, o CFM (Conselho Federal de Medicina) e a AMB (Associação Médica Brasileira) afirmaram que profissionais de saúde “são frequentemente constrangidos” por gestores, “inclusive o ministro Ricardo Barros, que distorcem as dificuldades enfrentadas pelo SUS”.
A Federação Médica Brasileira diz que o sistema de ponto é defendido por entidades. “Barros avalia como mais conveniente culpar os médicos pela falta de estrutura.”