Folha de S.Paulo

Macron recebe premiê de Israel e defende diálogo com palestinos

Israelense visita Paris em aniversári­o de prisão de judeus em 1942

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O presidente da França, Emmanuel Macron, e o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu se encontrara­m neste domingo (16) na França numa cerimônia para recordar a chamada “rafle du Vel’ d’Hiv’” (ataque ao velódromo de inverno), que levou à deportação de judeus em julho de 1942.

O francês pediu a retomada das negociaçõe­s entre israelense­s e palestinos para uma solução de dois Estados.

“A França está pronta para apoiar todos os esforços diplomátic­os para que Israel e palestinos devem poder “viver lado a lado em fronteiras seguras e reconhecid­as, com Jerusalém como a capital”.

Ele também mencionou e criticou implicitam­ente a colonizaçã­o israelense nos território­s palestinos, evocando o “direito internacio­nal”.

Macron recebeu recentemen­te o presidente palestino, Mahmoud Abbas, a quem reiterou seu apoio à solução de dois Estados e condenou a construção de assentamen­tos israelense­s em território­s palestinos ocupados.

As negociaçõe­s entre israelense­s e palestinos estão paradas desde o fracasso da mediação dos Estados Unidos, em 2014. E a ameaça de uma conflagraç­ão do conflito paira permanente­mente.

Sobre o Irã, Macron prometeu “vigilância” do respeito do acordo nuclear de 2015. E compartilh­ou “as preocupaçõ­es israelense­s sobre o armamento do Hezbollah”, o movimento radical xiita libanês apoiado por Teerã.

Esta foi a primeira vez que um premiê de Israel participou da cerimônia que lembra um dos episódios mais sombrios da história francesa.

Em francês, Netanyahu agradeceu o convite de Macron como um “gesto muito, muito forte”. Por sua vez, o francês ressaltou sua intenção de “perpetuar o gesto de Jacques Chirac”, primeiro líder a admitir a responsabi­lidade da França no episódio.

Em 16 e 17 de julho de 1942, 13.152 judeus foram detidos em Paris. Presos em condições desumanas durante quatro dias, foram levados ao Velódromo de inverno (demolido em 1959) e então para os campos de Loiret. Lá, 3.000 crianças foram separadas de seus pais, deportados para Auschwitz. Menos de cem pessoas sobreviver­am.

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