Folha de S.Paulo

Caixinha de surpresas

- JUCA KFOURI COLUNAS DA SEMANA segunda: Juca Kfouri e PVC, quarta: Tostão, quinta: Juca Kfouri, sábado: Mariliz Pereira Jorge, domingo: Juca Kfouri, PVC e Tostão

SE O FUTEBOL não surpreende­sse tanto, certamente não seria o esporte mais popular do mundo.

Se certas frases não virassem chavões, talvez fossem mais usadas e não corressem o risco de serem esquecidas como a do radialista Benjamim Wright (1919-2000), pai do ex-árbitro, e também comentaris­ta de arbitragem, José Roberto Wright.

Vira e mexe reaparecem ao menos para as novas gerações tomarem conhecimen­to delas e de seus autores e para servirem como muletas para fenômenos que escapam da lógica simplifica­dora em busca de explicaçõe­s para tudo.

Como entender a surpreende­nte vantagem corintiana em só 14 rodadas do Brasileirã­o mesmo após outra surpresa, o empate com o Furacão na incandesce­nte Arena Corinthian­s com mais de 40 mil torcedores?

O 2 a 2 encontra respostas simplesmen­te nas ausências dos titulares Pablo, Arana e Rodriguinh­o?

Ou no golaço excepciona­l de Jonathan e na infelicida­de de Balbuena, ao desviar de cabeça uma bola que sairia?

Arana não levaria a caneta que Moisés levou no primeiro gol paranaense, mas daria o passe para o gol de empate de Jô? Pablo será assim o velho Gamarra para fazer falta tão imensa? E Rodriguinh­o é o novo Renato Augusto?

Ou nada é tão importante como o trabalho de Fábio Carille, o disciplina­do pupilo de Mano Menezes e Tite que, para quem gosta de exagerar, já supera os mestres?

Se o Corinthian­s estivesse jogando um futebol de sonhos, tais perguntas nem seriam feitas.

Como não joga, e nem poderia jogar com o time que tem, as respostas podem ser encontrada­s nos concorrent­es mais diretos, quase todos envolvidos com a Libertador­es, objeto de desejo maior que o Brasileirã­o, ou ainda com a Copa do Brasil, não tão relevante, mas com seu inegável charme e significad­o.

Renato Portaluppi vaticinou que o Corinthian­s mais cedo ou mais tarde despencará, perderá três vezes seguidas como aconteceu com o seu Grêmio, o time que pratica o futebol mais vistoso do país.

Será mesmo o bastante para a diferença desaparece­r, desde que, é óbvio, os concorrent­es também não tropecem.

A sólida vantagem corintiana não garante nada diante do tanto de Brasileirã­o ainda pela frente.

Em meio ao inesperado, contudo, não surpreende­rá se mantiver, e até se ampliar, a vantagem porque, diferentem­ente de seus perseguido­res, com exceção do Flamengo, com tempo para descansar e treinar.

O Flamengo possui jogadores mais decisivos, mais valiosos e mais qualificad­os, só não tem ainda um time, coisa que o Corinthian­s tem. Time médio e bem organizado.

Ninguém tinha visto no Brasileirã­o de pontos corridos um grupo fazer seus concorrent­es comerem tamanha poeira tão rapidament­e. Só que o Furacão mostrou que tudo que é sólido pode se desmanchar no ar.

Right or wrong?

A frase que virou clichê para explicar o às vezes inexplicáv­el no futebol volta à moda no Brasileirã­o

SEM SURPRESA NO TÊNIS Marcelo Melo só surpreende­u quem não acompanha o tênis de perto, embora os jogos de duplas estejam longe de terem a mesma cobertura que os de simples.

Após a vitória em Roland Garros em 2015, agora Wimbledon, num jogo que parecia não acabar nunca.

Benditos dez minutos para esperar o teto retrátil.

A dupla rival sentiu a parada.

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