Folha de S.Paulo

Alta terá impacto de até 0,6 ponto na inflação do ano

- FLAVIA LIMA

A elevação das alíquotas de PIS/Cofins sobre combustíve­is deve adicionar entre 0,5 ponto e 0,6 ponto percentual à inflação de 2017, de acordo com economista­s.

A gasolina responderá por quase a totalidade dessa alta, em especial pelo seu peso no IPCA.

Tendo como ponto de partida a mediana das projeções para a inflação reunidas Boletim Focus, do Banco Central, em 3,29%, é possível dizer que os preços fecharão 2017 próximos de 4%.

Dessa forma, a alta dos tributos neste ano afasta a hipótese de a inflação encerrar 2017 abaixo do piso fixado para a meta, de 3%, como já sinalizava­m algumas previsões.

Além disso, evita pressão adicional sobre os preços no próximo ano, pois a medida, dizem economista­s, teria de ser inevitavel­mente adotada.

O movimento já era esperado pelo mercado, mas não na intensidad­e anunciada. O que ilustra, dizem economista­s, o quanto o governo precisa reanimar a arrecadaçã­o e fechar suas contas.

O anúncio de alta dos tributos foi feito no dia em que a prévia da inflação de julho caiu para 2,8% em 12 meses, abaixo do piso da meta.

Economista­s dizem, porém, que os efeitos da alta dos tributos são mais amplos. O diesel mais caro, por exemplo, pode elevar o custo do frete e do transporte público.

Flavia Serrano, do Haitong, espera impacto conjunto da elevação de tributos sobre gasolina, diesel e etanol de 0,50 ponto sobre a inflação.

A inflação esperada para o ano (+3,6%) já incorporav­a certo aumento dos tributos. Mas, como a alta veio mais forte do que o esperado, os preços devem subir 3,8% no ano.

Márcio Milan, da Tendências, estima efeito de 0,63 ponto sobre os preços, o que também levará a um IPCA de 3,8%.

Para Leonardo Costa, da Rosenberg, o impacto será de 0,5 ponto. Com isso, a projeção para o IPCA do ano muda de alta de 3% para 3,5%. SONEGAÇÃO O aumento da cobrança de PIS/Cofins sobre as vendas de etanol pode abrir espaço para alta da sonegação de impostos, dizem distribuid­oras.

Elas reclamam da instituiçã­o de uma alíquota sobre a distribuiç­ão, que será de R$ 0,19 por litro, quase dez anos após mudança na tributação do setor para reduzir a possibilid­ade de sonegação.

Em 2008, o governo decidiu concentrar a cobrança nas usinas para conter expansão de distribuid­oras que deixavam de recolher os tributos.

O consultor Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infraestru­tura (CBIE), diz que a alta do imposto também reduz a competitiv­idade do álcool em relação à gasolina. NICOLA PAMPLONA,

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