Folha de S.Paulo

Lava Jato de SP quer ouvir executivos da Odebrecht de novo

Força-tarefa do Estado é anunciada e começa a trabalhar nos pedidos encaminhad­os por Fachin, do Supremo

- GABRIELA SÁ PESSOA

Delação inclui suposta propina nas obras do Metrô e favorecime­nto a empreiteir­a na construção de rodovia

Anunciada na quinta (20), a força-tarefa da Operação Lava Jato no Ministério Público Federal de São Paulo pretende ouvir novamente executivos da Odebrecht que depuseram, em acordo de delação premiada, à Procurador­ia-Geral da República.

O grupo de trabalho, formado por quatro procurador­es, está começando a trabalhar nos pedidos de investigaç­ão encaminhad­os ao Estado em abril pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF.

“Eles têm que ser ouvidos, começar a entregar a documentaç­ão. Todos esses depoimento­s precisam ser corroborad­os”, afirma Thaméa Danelon, coordenado­ra do Núcleo de Combate à Corrupção na Procurador­ia e integrante do time paulista da Lava Jato.

Não serão, porém, todos os 78 executivos da empreiteir­a que serão convocados —apenas os que delataram acontecime­ntos relacionad­os aos 12 inquéritos e dois pedidos de investigaç­ão já nas mãos dos procurador­es paulistas.

No total, o STF encaminhou 29 petições ao MPF regional.

A lista de tarefas inclui a apuração de suposta propina nas obras da linha 2 verde do Metrô e favorecime­nto à Odebrecht em acordo judicial na construção da rodovia Carvalho Pinto.

No caso do Metrô, a Odebrecht diz que, em 2006, subornou, por um total de R$ 17,9 milhões, o ex-governador José Serra (PSDB) e diretores da companhia para reativar um contrato de 1991 ao retomar as obras. Serra nega a acusação e diz que sua carreira “sempre foi pautada pela lisura, ética e transparên­cia”.

A maioria dos caos, no entanto, diz respeito a doações para o caixa 2 de campanhas eleitorais de deputados, do exprefeito Fernando Haddad (PT) e de Alexandre Padilha, também petista, que disputou o governo em 2014. EXCLUSIVOS Diferentem­ente dos colegas de Lava Jato em Curitiba e no Rio, os paulistas não se dedicarão exclusivam­ente à operação. Segundo Danelon, o “cobertor é curto”. “Não tem como, a gente tem muitos outros casos. Ainda está no começo, vamos ver no futuro”, ela argumenta.

A organizaçã­o em grupo, para a procurador­a, agiliza as investigaç­ões: “Se não tem força-tarefa, os procedimen­tos podem ser pulverizad­os”. Além dos membros do Ministério Público Federal —Danelon, Thiago Lacerda Nobre, José Roberto Pimenta Oliveira e Anamara Osório Silva—, a equipe contará com dois delegados da Polícia Federal.

Também evita o vazamento de apurações sigilosas, ao restringir o número de pessoas que acessam os inquéritos.

“Para o Ministério Público, não interessa o vazamento. Quanto mais sigilosa a informação, melhor”, avalia Danelon. “A defesa também tem acesso a eventuais intercepta­ções telefônica­s e colabora-

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