Folha de S.Paulo

Crise política reduz receitas do governo em ao menos R$ 6,1 bi

Valor supera novo bloqueio orçamentár­io anunciado na quinta e que ameaça serviços públicos

- MARIANA CARNEIRO JULIO WIZIACK

Ganhos menores com reoneração da folha de pagamentos e aluguel de aeroportos explicam frustração de receitas

A crise política e a consequent­e dificuldad­e do presidente Michel Temer em aprovar medidas importante­s para a economia no Congresso levaram o governo a reduzir suas receitas em pelo menos R$ 6,1 bilhões até agora.

O valor já supera o bloqueio orçamentár­io adicional anunciado nesta quinta-feira (20), de R$ 5,9 bilhões, que acentuou o arrocho fiscal e o risco de colapso de serviços da máquina pública nos próximos meses —trabalhos de Funai, Incra e emissão de passaporte­s, por exemplo, já vêm sendo afetados.

No programa de desoneraçã­o da folha de pagamento, por exemplo, os congressis­tas mantiveram mais empresas do que o governo queria, gerando uma frustração de receitas de R$ 3,9 bilhões.

O cálculo inicial era de arrecadaçã­o de R$ 4,5 bilhões.

Outro revés foi a reprograma­ção do pagamento de outorgas de aeroportos, que deu condições mais vantajosas para as concession­árias. Com isso, o governo deixou de contar com R$ 2,2 bilhões agora. A previsão inicial de receita era de R$ 3,5 bilhões.

Com a medida provisória do Refis, o programa de regulariza­ção tributária, as receitas poderiam chegar a R$ 14 bilhões, mas o embate no Congresso pode não ter solução, podendo gerar mais frustração de receita.

Como a versão anterior do Refis passou pelo mesmo processo de indefiniçã­o, muitos devedores preferiram esperar pelo novo programa, o que fez baixar as adesões, que até agora somam só R$ 2 bilhões.

O ministro do Planejamen­to, Dyogo Oliveira, ressaltou a importânci­a da colaboraçã­o do Congresso não só na aprovação de reformas mas também “para que não haja adoção de ações que impliquem redução de receita”.

Embora boa parte desses recursos ainda possa ser recuperada se a equipe política reverter o jogo com os parlamenta­res até o final deste ano, o governo ficou sem saída e precisou aumentar tributos de combustíve­is.

Para arrecadar R$ 10,4 bilhões, foram elevadas as alíquotas de PIS/Cofins de gasolina, diesel e etanol até o fim deste ano. Ainda assim, a equipe econômica teve de bloquear mais R$ 5,9 bilhões em despesas, elevando o aperto fiscal para cerca de R$ 45 bilhões. Segundo Oliveira, serão preservada­s áreas como saúde e educação.

“Estimamos que seja cumprido o acordo entre o governo e os parlamenta­res e não haja alterações dessa medida [Refis] no Congresso, sob pena de termos que fazer cortes adicionais nos recursos do governo federal.”

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil