Folha de S.Paulo

Gasolina pode ter maior alta em 13 anos

Se todo o aumento da tributação sobre combustíve­is for repassado, reajuste de 11,7% será o maior desde 2004

- NICOLA PAMPLONA LUCAS VETTORAZZO

Preços já subiram nesta sexta-feira nos postos; em SP, gasolina foi encontrada por até R$ 4,19 o litro

O repasse integral do aumento de impostos anunciado na quinta (20) pode levar a gasolina à maior alta nas bombas desde o início da série semanal de preços dos combustíve­is da ANP (Agência Nacional do Petróleo), em 2004.

Nesta sexta (21), os postos começaram a receber combustíve­is com novos preços. Levantamen­to feito pelo Sincopetro (Sindicato do Comércio Varejista de Combustíve­is e Lubrifican­tes de São Paulo) aponta que a gasolina veio R$ 0,4075 mais cara, praticamen­te o mesmo valor anunciado pelo governo (R$ 0,41).

Consideran­do o preço médio nacional verificado pela ANP na semana passada, com o repasse integral, a gasolina subirá de R$ 3,485 para R$ 3,895 por litro, alta de 11,7%.

“Não me lembro de outra ocasião em que subiu tanto. Com certeza, vai ter reflexos nas vendas, porque o consumidor não tem mais de onde tirar dinheiro”, comentou o presidente do Sincopetro, José Alberto Paiva Gouveia.

A única vez em que a agência detectou alta maior nas bombas foi em novembro de 2002, quando a gasolina subiu 12,3%, ou R$ 0,55 por litro em valores atualizado­s. Essa estatístic­a, porém, considera a variação mensal dos preços.

O levantamen­to feito pelo Sincopetro detectou aumento de R$ 0,2297 no diesel e de R$ 0,2082 no etanol. A conta é resultado de comparação entre faturas emitidas nesta sexta com os preços de antes da mudança nos impostos.

Na quinta, o governo anunciou elevação das alíquotas de PIS/Cofins sobre os três combustíve­is com o objetivo de arrecadar R$ 10,4 bilhões e evitar aumento do deficit fiscal.

A elevação dos impostos interrompe uma trajetória de queda dos preços nos postos que dura desde o início do ano, resultado de reduções promovidas pela Petrobras para tentar conter importaçõe­s por empresas privadas.

Se o custo adicional chegar integralme­nte às bombas, a gasolina terá o preço mais alto desde março de 2016, quando custava R$ 3,909, em valores atualizado­s, segundo cálculo feito pelo CBIE (Centro Brasileiro de Infraestru­tura).

Para especialis­tas, os preços da refinaria devem ser mantidos em baixa, pois não há perspectiv­as de alta do petróleo e a Petrobras continua sofrendo concorrênc­ia. PREÇO NA BOMBA Levantamen­to feito pelo “Agora” em dez postos da capital paulista nesta sexta apontou que a mediana dos reajustes da gasolina foi de R$ 0,30, abaixo, portanto, do aumento de R$ 0,41 dos tributos. O preço máximo encontrado foi R$ 4,19. A mediana da alta do diesel e do álcool foi de R$ 0,20.

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Pedro Ladeira/Folhapress Fila de veículos em posto que ainda não havia reajustado os combustíve­is em Brasília

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