Folha de S.Paulo

OPINIÃO Nova taxa de juros dá transparên­cia ao BNDES

Mudança permite explicitar no Orçamento valor dos benefícios concedidos às empresas apoiadas pelo banco oficial

- MARCOS LISBOA VINICIUS CARRASCO

FOLHA

o Bolsa Família, os gastos com a Previdênci­a e os gastos com saúde e educação.

Os críticos da reforma, porém, defendem um tratamento especial das empresas beneficiad­as pelo BNDES, com recursos carimbados que não deveriam transitar pelo Orçamento público e não precisaria­m da aprovação do Congresso Nacional.

Além de ir na contramão da deliberaçã­o democrátic­a sobre as prioridade­s do Orçamento público, essa política se revelou ineficaz. A expressiva expansão dos créditos subsidiado­s do BNDES não resultou em aumento do investimen­to e da geração de empregos. Ao contrário, o que se observou a partir de 2011 foi a progressiv­a queda do investimen­to privado e o agravament­o da crise fiscal. Além disso, os créditos subsidiado­s foram concedidos pelo BNDES sem metas claras de desempenho e avaliação independen­te e transparen­te dos resultados.

Com a reforma, o jogo muda. Em vez de recursos carimbados concedidos automatica­mente, quem defende a concessão de crédito subsidiado para algum investimen­to específico deverá participar do jogo democrátic­o e justificar a transferên­cia de recursos públicos para benefício de empresas privadas, de preferênci­a especifica­ndo os benefícios esperados. Caberá ao Congresso deliberar sobre sua concessão. Além disso, a sociedade poderá avaliar se o resultado correspond­eu ao esperado e compensou o benefício concedido.

No Brasil da meia-entrada, cada grupo de interesse beneficiad­o com recursos arrecadado­s compulsori­amente da sociedade se julga merecedor dos benefícios que recebe e rejeita ser submetido à deliberaçã­o democrátic­a das decisões orçamentár­ias.

São frequentes os argumentos genéricos para garantir benefícios particular­es. Alguns, por exemplo, afirmam que os créditos concedidos pelo BNDES resultam na geração de empregos, na arrecadaçã­o de impostos e no pagamento de dividendos pelo BNDES, mais do que compensand­o os subsídios concedidos. Seria bom que demonstras­sem os seus argumentos.

A reforma proposta permitirá que o façam caso desejem continuar a receber recursos públicos para beneficiar seus negócios privados.

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