Prefeitura e União querem parque no Campo de Marte
Acordo negociado entre prefeito João Doria (PSDB) e ministro da Defesa Raul Jungmann ainda não trata da operação de aviões no local
O governo federal e a Prefeitura de São Paulo devem assinar em agosto um acordo para transformar parte da área do Campo de Marte, na zona norte, em um parque.
O acerto foi negociado nesta sexta-feira (21) em reunião do ministro da Defesa, Raul Jungmann, com João Doria (PSDB), prefeito da cidade.
Apesar de ter aceitado ceder parte da área, Jungmann não explicou se a decisão significará a retirada ou a redução de voos do aeroporto.
“O Campo de Marte terá sua destinação requalificada para um parque. Serão três fases. A primeira vai destinar 401 mil metros quadrados do campo para a construção desse parque, que, com isso, passa a ser o terceiro maior da cidade. Vamos anunciar todos os detalhes no dia 7 de agosto com a presença do presidente Temer”, disse Doria.
Na reunião, segundo relato de participantes à Folha, ficou acordado que a prefeitura tocaria gradualmente esse processo de construção do parque, que seria feito aproveitando um trecho preservado de mata atlântica, cortado por um córrego, gerido pelo Ministério da Defesa. Ao todo, a pasta administra uma área de 1,1 milhão de metros quadrados no local. O restante, 975 mil metros quadrados, é gerido pela Infraero.
Também foi negociada a construção de um museu aeroespacial no local, com a possibilidade de incorporar o acervo de museu que era mantido pela TAM em São Carlos, interior de SP, e fechado desde o início de 2016.
Em tom amistoso, a reunião foi marcada pela ideia de que prefeitura e Ministério da Defesa devem conversar sobre esse tema sem a intermediação da Justiça. Prefeitura e União disputam a posse do terreno onde fica o Campo de Marte desde 1958. Em 2011, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) deu razão à prefeitura; o caso está no STF (Supremo Tribunal Federal).
Ficou acertado entre Doria e Jungmann que outras reuniões serão marcadas. Nesta sexta, a desativação do aeroporto no Campo de Marte foi apenas esboçada como tópico para outros encontros.
Durante sua gestão, o prefeito Fernando Haddad (PT) apresentou a intenção de fechar o local para aviões. A tese do ex-prefeito era de que falta emprego na zona norte de São Paulo porque a presença do Campo de Marte impõe limitações à verticalização. As restrições decorrem do movimento de aviões no entorno do aeroporto no pouso e na decolagem.
Para que o Campo de Marte possa deixar de ter fluxo de aviões, no entanto, são necessárias alternativas para a demanda da aviação executiva. O aeroporto recebe mais de 130 mil pousos e decolagens por ano, o que totaliza 430 mil passageiros em média no período.