Folha de S.Paulo

Dominatrix celebra em show 20 anos de punk rock feminista

Terceira edição do Distúrbio Feminino Fest reúne banda pioneira e novos nomes da cena de garotas revoltadas

- THALES DE MENEZES

Grupo lançou em 1996 o álbum ‘Girl Gathering’, que será tocado hoje em São Paulo e pode ganhar uma reedição em vinil

O punk feminista tem reunião neste sábado (22), em São Paulo, no terceiro Distúrbio Feminino Fest. Na pauta, uma data redonda para comemorar: os 20 anos de “Girl Gathering”, primeiro álbum da banda Dominatrix, pioneira da cena Riot Grrrl no país.

Distúrbio Feminino é plataforma de divulgação de produção, com blog, podcast e zines impressos, que segue a linha do “faça você mesma”. O festival terá encontro sobre mídia feminista, bazares e comida. Os outros shows trazem Katze (Curitiba), Soror (Brasília) e Charlotte Matou um Cara (São Paulo).

Esses grupos provavelme­nte nem existiriam sem o surgimento da paulistana Dominatrix, formada em 1995 pelas irmãs Elisa e Isabella Gargiulo. “A gente ouvia música desde pequeninin­has, comprava vinil no supermerca­do, de banda de metal a pop rock. Mas quando uma mulher pega no instrument­o existe uma resposta muito forte da sociedade, principalm­ente no Brasil”, diz Elisa à Folha.

Quando perceberam a rejeição em relação às mulheres no rock, passaram a colocar a temática nas letras. Aí descobriam nos tabloides estrangeir­os que compravam com dinheiro da mesada a banda americana Bikini Kill, seminal na formação da cena Riot Grrrl, rótulo dado a meninas raivosas do punk.

“Então a gente foi na Galeria do Rock e fez numa das lojas a encomenda do CD, às cegas. Aí chegou, 40 dias depois, e a gente se viu naquilo. Começamos a nos identifica­r como uma banda punk feminista”, recorda Elisa.

Após várias formações, a Dominatrix tem hoje, além de Elisa na guitarra e voz, a guitarrist­a Marina Takahashi, a baterista Nina Para e a baixista Fernanda Horvath.

Segundo Elisa, a banda nunca conseguiu ficar muito tempo seguido tocando. Todas as integrante­s têm outros trabalhos. Ela é uma ativista intensa, entre muitas coisas coordena a comunicaçã­o de uma ONG feminista. Suas companheir­as estão ligadas profission­almente à música.

Fernanda e Nina são freelancer­s. “Estudei música, sou a única que se formou entre as seis baixistas na turma”, diz Fernanda. Nina criou tumulto na família ao largar o trabalho de advogada. “Vivo de música desde 2007. A maioria das vezes toco em bandas de metal, com homens.”

Formada em pedagogia, Marina é professora de musicaliza­ção infantil. “Faço frilas tocando, mas preciso desse outro lado. Não só pela grana, mas pela vibe das crianças É bem louco você ver um garoto que quer tocar piano e não ser um dos Power Rangers”, brinca a guitarrist­a.

Elisa explica que a banda se reúne quando alguém chama. De vez em quando, organiza show com bandas amigas. Em abril, a Dominatrix tocou na Virada Cultural.

As últimas gravações estão em um EP lançado em 2009. “Girl Gathering’’ entra agora oficialmen­te no Spotify. “No fim do ano vamos decidir se gravaremos inéditas, mas a gente pode pelo menos relançar o ‘Girl Gathering’ num vinilzinho”, conta Elisa. QUANDO sábado (22), a partir das 15h; Dominatrix toca às 21h ONDE Associação Cultural Cecília, r. Vitorino Carmilo, 449 QUANTO R$ 20 CLASSIFICA­ÇÃO livre

 ??  ??
 ?? Ana Strauss/Divulgação ?? Da esq. para a dir., Marina Takahashi, Nina Para, Elisa Gargiulo e Fernanda Horvath tocando na Virada Cultural 2017
Ana Strauss/Divulgação Da esq. para a dir., Marina Takahashi, Nina Para, Elisa Gargiulo e Fernanda Horvath tocando na Virada Cultural 2017

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil