Folha de S.Paulo

SOMETHING TO TELL YOU

- LUISA JUBILUT

COLABORAÇíO PARA A FOLHA

Não é fácil encarar público e crítica após um disco de estreia tão bem-sucedido como “Days Are Gone” (2013). Após sete anos como banda, as irmãs do Haim se viram, do dia pra noite, no topo das paradas.

Além disso, Danielle (vocais e guitarra), Alana (vocais, guitarra e teclado) e Este (baixo, vocais e percussão) ocupavam uma posição extremamen­te privilegia­da.

Elas agradavam à versão contemporâ­nea de gregos e troianos: nichos alternativ­os, atraídos pela sonoridade retrô que se destacava da cena pop; e a fãs de artistas mainstream como Taylor Swift e Selena Gomez —a quem o Haim se associou por integrar a mesma panelinha social.

O conjunto charmoso e experiment­al de faixas do primeiro trabalho exigia um amadurecim­ento que se faria presente com o novo “Something to Tell You”. O sucessor, no entanto, não explora seu potencial ao máximo e falha ao tentar superar as expectativ­as criadas pelo longo intervalo entre um disco e outro.

Aquela mesma voz própria e provocativ­a retorna em 11 músicas que mesclam, principalm­ente, pop dançante e rock com inspiração oitentista. “Want You Back”, primeiro single extraído do disco, é um exemplo de como essa receita pode ser executada de maneira muito vitoriosa.

A faixa foi a primeira concebida pelo grupo após uma rotina frenética de shows ao redor do mundo que durou três anos. No retorno para a casa dos pais em San Francisco Valley, as jovens exploraram as mesmas técnicas usadas em “Days Are Gone”, mas sem certeza de onde queriam chegar. Em entrevista, disseram que, para elas, pensar demais é o que mais compromete o processo criativo.

Mas insistir nessa ideia, talvez, tenha sido um erro. Enquanto se aprimoram em arranjos, vocais, letras e faixas com forte apelo de single —como “Little of Your Love” e “You Never Knew”—, elas também se perdem ao repetir a fórmula, que funciona até certo ponto antes de criar um desgaste no ouvinte.

Truques, graças, batidas e temáticas similares são jogados em cena, e o álbum se esfria, abrindo mão do sentimento de “novidade” que impulsiono­u Haim ao estrelato. ARTISTA Haim GRAVADORA Columbia Records QUANTO US$ 9,99 (cerca de R$ 31), no iTunes AVALIAÇÃO bom

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