Folha de S.Paulo

O cidadão é quem pode, em 2018, apontar saída da crise

COMANDANTE DO EXÉRCITO DEFENDE RESPEITO À CONSTITUIÇ­ÃO E DIZ QUE BRASIL DE HOJE DISPENSA TUTELA DAS FORÇAS ARMADAS

-

cos apropriado­s e de apontar direções e metas para o futuro.

Está nas mãos dos cidadãos brasileiro­s a oportunida­de de, nas eleições de 2018, sinalizar o rumo a ser seguido. O senhor tem reiterado que “não há atalhos fora da Constituiç­ão”. Como analisa e a que atribui as manifestaç­ões no país por intervençã­o militar?

As manifestaç­ões demonstram um cansaço da população com os escândalos. Uma instituiçã­o que detenha 83% de confiabili­dade é uma exceção em um ambiente degradado. Porém, como tenho dito, vemos isso com tranquilid­ade, pois o Exército atua no estrito cumpriment­o das leis e sempre com base na legalidade, estabilida­de e legitimida­de. Numa postagem recente em uma rede social, o senhor exaltou o marechal Castello Branco, um dos artífices do golpe de 1964. Que mensagem quis passar ao dizer que Castello Branco é “um exemplo de líder militar a ser seguido”?

Herói da campanha da Itália, ele já seria um exemplo por ter participad­o da Força Expedicion­ária Brasileira, na Segunda Guerra Mundial. Mais tarde, em 1964, o Marechal Castello Branco foi o líder que civis e militares encontrara­m para dirigir os rumos da nação naqueles momentos conturbado­s e que, hoje, devem ser compreendi­dos dentro do contexto vivido à época.

Com sua visão de estadista, foi o responsáve­l por alterações na legislação, que afastaram os militares da política partidária e que norteiam, até hoje, a permanênci­a das Forças Armadas em seus quartéis, no estrito cumpriment­o do dever constituci­onal. As Forças Armadas brasileira­s não reconhecer­ão os erros e atrocidade­s que cometeram durante a ditadura?

A Lei da Anistia, compreendi­da como um pacto social, proporcion­ou as condições políticas para que as divergênci­as ideológica­s pudessem ser pacificada­s. Ela colocou um ponto final naquela fase da história. Precisamos olhar para o futuro, atendendo ao espírito de conciliaçã­o.

“política, vivemos um momento em que faltam fundamento­s éticos e no qual o ‘politicame­nte correto’, por vezes mal interpreta­do, prejudica nossa evolução

O sr. tem uma doença degenerati­va, sobre a qual já se manifestou com transparên­cia publicamen­te. Como está sua saúde hoje? De que modo a doença tem limitado sua atuação? Até quando o senhor tem forças para ficar no posto?

Fui acometido por uma doença degenerati­va que atingiu alguns grupos musculares, restringin­do minha capacidade de locomoção. Sinto falta de viajar, de percorrer as nossas unidades, de estar junto com a tropa. Busco vencer os desafios dia a dia e sigo no tratamento. Tenho um objetivo maior de servir à pátria e continuo a persegui-lo. O general Sérgio Etchegoyen, de quem o sr. é conterrâne­o e amigo, ganhou força no governo, e há quem comente que poderia substitui-lo. Existem articulaçõ­es nesse sentido? Como é a relação entre vocês?

A substituiç­ão dos comandante­s de força é atribuição exclusiva do presidente da República. Quanto ao general Etchegoyen, ele é meu amigo pessoal, há mais de 50 anos, como você mesmo destacou. Trabalhamo­s juntos em várias oportunida­des e, além da amizade, fortalecid­a a cada dia, mantemos agradável convivênci­a familiar.

militares da política partidária e que norteiam, até hoje, a permanênci­a das Forças Armadas em seus quartéis

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil