Negociação na Venezuela tem que ocorrer antes de banho de sangue, diz Aloysio
Diante do impasse nas tratativas do Mercosul para encerrar a crise na Venezuela, o ministro de Relações Exteriores, Aloysio Nunes, disse concordar com a participação de outros países, como Cuba e Colômbia, nas articulações.
Em entrevista à Folha ,o chanceler brasileiro afirmou ainda achar difícil que o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, aceite discutir com seriedade a retomada de condições democráticas no país. Folha - O Brasil trabalha por uma saída para a crise na Venezuela, mas o desfecho parece distante. Haverá solução?
Aloysio Nunes - A solução é a negociação. Há um equilíbrio extremamente instável. Há uma oposição com grande apoio popular e existe o chavismo, que tem como protagonista um homem que perdeu o limite, que é o [Nicolás] Maduro. Debaixo disso, há uma economia desorganizada, desabastecimento, insegurança. Uma situação que não pode perdurar. Quando essa negociação deve ser concluída?
Antes do banho de sangue. Maduro aponta para uma saída revolucionária, de ruptura da ordem democrática, inviável. A tendência é que a democracia prevaleça. Fora isso, há o quê? Guerra civil, a vitória de um e a derrota de outro. Como o Mercosul vai reagir à eleição da Assembleia Constituinte convocada por Maduro?
A Venezuela já está suspensa dos órgãos diretivos do Mercosul pelo não cumprimento de compromissos, de ordem econômica, comercial, legal. O que fizemos agora foi um segundo passo previsto no protocolo de Ushuaia para, se não for restabelecida a democracia, cuja ruptura foi reconhecida em 1º de abril, [haver] nova suspensão com base no descumprimento da cláusula democrática. Havia uma expectativa de uma medida mais dura.
A Venezuela foi convidada para mandar um representante a Brasília para explicar como justificam seu regime. Se dessa iniciativa não resultar nenhum progresso em relação à questão democrática, então dá-se um passo que é a nova suspensão. O que o Mercosul espera desse processo de consultas?