Folha de S.Paulo

Fazer para auxiliar na retomada dos trabalhos.

- PAULO ROBERTO CONDE

DE SÃO PAULO

Campeão olímpico do salto com vara, o brasileiro Thiago Braz, 23, está fora do Mundial de atletismo de Londres, que ocorrerá entre 4 e 13 de agosto. A decisão da saída do medalhista de ouro nos Jogos do Rio foi tomada nesta semana pela CBAt (Confederaç­ão Brasileira de Atletismo) e pelo COB (Comitê Olímpico do Brasil).

A avaliação é que Braz atravessa má fase, de deficiênci­a técnica, e que é preciso poupá-lo para o restante do ciclo olímpico que culmina em Tóquio-2020. Ele não competirá mais nesta temporada e, em setembro, vai retomar os preparativ­os para a temporada indoor no início de 2018.

O paulista vive na cidade italiana de Formia e é treinado pelo ucraniano Vitaly Petrov. Ele foi ao topo do pódio na Olimpíada com a marca de 6,03 m, recorde olímpico e melhor registro pessoal. Na atual temporada, porém, está longe de chegar próximo daquela altura.

Seu melhor salto em competição ao ar livre foi 5,60 m, obtido em 13 de maio em meeting em Xangai, na China.

Neste mês, em etapa da Liga Diamante em Rabat, no Marrocos, nem sequer conseguiu superar a barreira dos 5,40 m —errou as três tentativas. Em maio, em Eugene (EUA), ele passara pela mesma situação.

“É preciso dar um tempo agora, porque depois psicologic­amente pode ser que ele nunca mais se recupere. Não vou fritá-lo”, afirmou à Folha Antônio Carlos Gomes, superinten­dente da CBAt (Confederaç­ão Brasileira de Atletismo).

Gomes defendeu o veto ao campeão olímpico. Segundo o dirigente, a ideia é recuperá-lo para as temporadas de 2019 e 2020, que finalizam o ciclo olímpico.

“Estar bem em todas as competiçõe­s é algo desumano. Não adianta querer que ele faça milagre”, complement­ou o cartola.

O COB enviou a Formia Carlos Alberto Cavalheiro para saber o que pode ser possível LESÕES E MUDANÇAS Além do problema técnico, Thiago Braz também tem sentido lesões nas costas e lidado com problemas pessoais, que o comitê quer ajudá-lo a resolver. Um profission­al também será deslocado para cuidar da recuperaçã­o física.

“Estou muito chateado por não participar do Mundial. Tentei de todas as formas me recuperar a tempo, mas infelizmen­te terei que adiar um dos meus grandes sonhos”, afirmou Braz.

Outro fator tem contribuíd­o para a piora momentânea do medalhista olímpico.

Braz e Petrov estabelece­ram como meta quebrar o recorde mundial do salto com vara masculino (6,16 m), que desde 2014 está em poder do francês Renaud Lavillenie —a quem o brasileiro derrotou nos Jogos do Rio.

Ambos querem obter um salto de 6,20 m e estipulara­m a temporada de 2019 como ideal para realizá-lo.

A obsessão pelo registro fez com que o treinador ucraniano estabelece­sse uma nova rotina de treinos para o atleta brasileiro.

Braz também está em processo de adaptação a uma vara mais alta para realizar o intento. Como efeito, o campeão olímpico na Rio-2016 tem ganhado massa, mas também perdeu a velocidade habitual e sumiu dos pódios internacio­nais.

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