Folha de S.Paulo

Brasil e EUA repudiam pleito venezuelan­o

Itamaraty insta autoridade­s a suspender instalação da Constituin­te e abrir diálogo; Washington promete sanções

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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Os governos do Brasil e dos EUA repudiaram neste domingo (30) a eleição da Assembleia Constituin­te convocada pelo governo de Nicolás Maduro para elaborar uma nova Constituiç­ão na Venezuela.

Em nota, o Itamaraty declarou que o pleito deste domingo agrava “ainda mais o impasse institucio­nal que paralisa a Venezuela”.

“Diante da gravidade do momento histórico por que passa a Venezuela, o Brasil insta as autoridade­s (...) a suspendere­m a instalação da Assembleia Constituin­te e a abrirem um canal efetivo de (...) diálogo com a sociedade venezuelan­a”, diz a nota.

A embaixador­a americana nas Nações Unidas, Nikki Haley, declarou que essa “fraudulent­a eleição” representa “mais um passo em direção a uma ditadura” no país.

Segundo Haley, os EUA não aceitarão um governo ilegítimo em Caracas.

O Departamen­to de Estado declarou que os EUA irão tomar “medidas rápidas e duras contra os arquitetos do autoritari­smo na Venezuela”. Segundo a agência de Reuters, o governo americano considera impor sanções ao setor petrolífer­o, bloqueando a venda de petróleo leve à Venezuela, necessário para o país diluir o seu óleo, mais pesado, e poder exportá-lo.

Na última quarta-feira (26), Washington já havia imposto sanções econômicas a 13 autoridade­s do alto escalão do governo venezuelan­o, responsáve­is pela realização da Assembleia Constituin­te, e das forças de segurança que reprimem protestos da oposição contra Maduro.

O repúdio foi compartilh­ado por outros governos. Colômbia, México, Peru, Argentina e Panamá, porém, foram além da posição brasileira e anunciaram que não reconhecer­ão o resultado do pleito.

As reações começaram já na sexta-feira, quando o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, afirmou que a

reconhecer­ão resultados

Constituin­te tem uma “origem ilegítima e, por isso, não reconhecer­emos os resultados”.

O governo da Argentina seguiu o mesmo caminho. Segundo nota publicada neste domingo pela chancelari­a do país, o pleito “não respeita a vontade popular e a própria Constituiç­ão venezuelan­a criada pelo ex-presidente Hugo Chávez”.

Já o ministério das Relações Exteriores peruano declarou que a a convocatór­ia da Constituin­te “infringe o princípio do sufrágio universal e aprofunda a fratura da nação venezuelan­a, rompendo a ordem democrátic­o no país”. PROTESTO NA PAULISTA Manifestan­tes se reuniram neste domingo na avenida Paulista, em São Paulo, para protestar contra a Constituin­te convocada por Maduro.

O ato reuniu cerca de 30 pessoas, entre membros da comunidade venezuelan­a e brasileiro­s. Eles pediam a saída de Maduro e o fim do que consideram uma ditadura na Venezuela. Alguns se deitaram em frente ao vão do Masp com cruzes com os nomes de supostas vítimas do governo.

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Eduardo Anizelli/Folhapress Manifestan­tes se deitam na av. Paulista para lembrar vítimas do governo venezuelan­o

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