Temer quer manter Exército no Rio até o final de 2018
Decreto que autorizou uso de militares nas ruas é válido só até dezembro
Em visita à cidade, presidente confirmou que pretende ampliar o prazo para as tropas atuarem no Estado
Durante visita ao Rio neste domingo (30), o presidente Michel Temer (PMDB) confirmou que pretende estender a autorização para as Forças Armadas atuarem na segurança pública do Estado até o fim de 2018.
O documento que permitiu a presença dos militares nas ruas é válido apenas até o fim do ano. Mas, segundo Temer, isso ocorreu apenas por uma questão orçamentária.
“No decreto assinado na sexta-feira [28] eu fixei, por razões do ano fiscal, que ele se dará até 31 de dezembro de 2017, mas nada impedirá que, no começo do ano, nós renovemos o decreto para até o final de 2018” afirmou em pronunciamento na sede do Comando Militar do Leste, que coordena a ação militar no Rio de Janeiro. O presidente não respondeu perguntas dos jornalistas.
“Nada impedirá que essa cooperação possa continuar nos próximos anos”, disse o presidente após participar de um rápido briefing do Exército sobre a operação.
Temer estava acompanhado dos ministros Raul Jungmann (Defesa), Torquato Jar- dim (Justiça), Henrique Meirelles (Fazenda) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da presidência). Participaram ainda o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), e o prefeito da capital, Marcelo Crivella (PRB).
Antes o presidente sobrevoou as áreas do Estado em que as tropas federais atuarão, como a região central do Rio e a Baixada Fluminense.
Desde sexta (28), 10 mil homens das Forças Armadas, Polícia Rodoviária Federal e Força Nacional reforçam a segurança do Estado. Num primeiro momento, militares com tanques de guerra e pesado armamento se fizeram notar pela população com presença ostensiva nas ruas.
A ideia é que em breve eles deixem essa fase e passem a atuar junto às polícias em operações de combate ao crime organizado, cujo objetivo é reduzir a quantidade de armas e drogas do poder paralelo.
Temer afirmou que soube pelas autoridades do Estado que em três dias de operação já houve redução nos índices de roubo de carga no Rio.
Segundo o presidente, a segurança pública é uma preocupação do governo federal. Ele disse que a operação em curso estava em discussão há seis meses no Planalto.
“Os acontecimentos recentes dizem respeito à insegurança que grassava no Estado do Rio de Janeiro. É uma preocupação de todos os brasileiros e particularmente do governo federal”, disse.
DO RIO
Baleado dentro do útero da mãe em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, o bebê Arthur não resistiu aos ferimentos e morreu na tarde deste domingo (30), exatamente quando completava um mês de vida.
Desde que nasceu, em uma cesariana de emergência, ele estava entubado na UTI do hospital municipal Adão Pereira Nunes.
Por volta das 5h30 da manhã deste domingo ele teve uma hemorragia digestiva e, às 14h, morreu.
“Todos os procedimentos para reverter o quadro foram adotados, porém não houve resposta clinica do paciente”, disse a secretaria de Saúde do Estado por meio de nota.
Até a conclusão desta edição não havia informações sobre quando a criança será enterrada. A Folha não conseguiu contato com familiares.
A mãe do bebê, Claudineia dos Santos Melo, estava grávida de 39 semanas e ia ao supermercado quando foi atingida no quadril por uma bala perdida no fim de junho.
O disparo aconteceu durante um tiroteio entre a polícia e criminosos, mas até o momento as investigações não apontaram o responsável pelo tiro.
Por causa do ocorrido, Claudineia teve que ser submetida a um parto de emergência. O bebê teve de ser retirado às pressas porque a bala atravessou seu tórax, perfurou os dois pulmões e atingiu também sua coluna.
Os médicos disseram que havia a possibilidade da criança ficar paraplégica, caso sobrevivesse.
Claudineia e Arthur fazem parte de uma estatística que não para de crescer no Rio, a de pessoas atingidas por balas perdidas.
Levantamento feito pela Folha indica que pelo menos uma pessoa foi atingida a cada dois dias na região metropolitana em 2017. (LV)