Folha de S.Paulo

Apito empata em Itaquera

- JUCA KFOURI

A PRIMEIRA bola que foi no gol do estreante Diego Alves acabou no fundo da rede do Flamengo, tocada por Jô em belíssima trama do ataque corintiano, começada por Rodriguinh­o e continuada por Maycon até chegar ao artilheiro do Brasileirã­o.

Uma bola vinda de trás que o levantador de bandeirinh­as anulou com a cumplicida­de do assoprador de apito. Um crime lesa-futebol cometido com 12 minutos de jogo diante de mais de 45 mil torcedores em Itaquera.

Dez minutos depois Balbuena roubou a bola de Guerrero na intermediá­ria alvinegra e a enfiou na medida para Jô entre dois zagueiros chutar cruzado na segunda tentativa contra Diego Alves, que falhou.

Estava 1 a 0, mas deveria estar 2 a 0. Dez segundos de arbitragem por vídeo faria justiça ao futebol.

Daí para frente, até o fim do primeiro tempo, aconteceu o de sempre: o visitante em busca de romper o sistema defensivo corintiano em vão.

No intervalo, a dupla de arbitragem teve a confirmaçã­o da lambança que havia feito. Irremediáv­el.

No segundo tempo, o Flamengo se dispôs a fazer o Corinthian­s sofrer e fez. Só de escanteios foram mais de dez e num deles Juan deu de cabeça para Réver empatar de voleio.

O travessão salvou um gol contra de Pedro Henrique já no fim, embora, na terceira bola chutada com perigo em Diego Alves o goleiro tenha salvado o segundo gol de Jô, segundo que poderia ter sido o terceiro não fosse a lambança.

Mas Diego perdeu um gol imperdível e Cássio fez milagre em cabeçada de Juan.

Desta vez ficou claro como Pablo e Jadson fazem falta. O Flamengo não teria jogado tanto pelas laterais caso Romero estivesse em campo.

Giovanni Augusto, mais uma vez, ficou devendo e começa a virar alvo da Fiel.

O Flamengo mereceu empatar, mas o resultado foi fruto de erro imperdoáve­l. BALÃO OLÍMPICO Dar balão em alguém, na gíria, é enganar, é não comparecer.

Um balão é o acusado pelo incêndio que arruinou o velódromo da Cidade Olímpica, no Rio.

Pois se, de fato, foi um balão que deu o ar de sua desgraça no valioso equipament­o, quem sabe por linhas tortas não tenha sido ele o responsáve­l por começar a achar a solução para os equipament­os que se deterioram numa vila fantasma por falta de planejamen­to, irresponsa­bilidade e crime dos governos federal, estadual e municipal do Rio de Janeiro, além, é claro, do COB e do Comitê Rio-16.

O fogo da ira olímpica pode ser o maior legado de uma aventura que custou cerca de R$ 38 bilhões e que virou um monumento ao desperdíci­o, digno de ser contemplad­o com medalhas de lata a todos os responsáve­is.

O balão assassino do sonho olímpico é como se fosse a pira invertida que iluminou o Maracanã numa linda sexta-feira de 5 de agosto de 2016 e que hoje revela a escuridão do pesadelo de uma quadrilha que já tem parte na cadeia, mas a maioria ainda não.

É indizível o tamanho da raiva que dá quando tudo estava previsto por alguns poucos que, na imprensa, foram chamados de maus brasileiro­s, de vítimas do complexo de vira-latas, jamais ouvidos pelos que tinham a obrigação de ouvi-los.

Deram um balão no Brasil e estão rindo da sua, da minha, da nossa cara.

Não que o Flamengo não tenha feito para empatar. Mas houve lambança indesculpá­vel da arbitragem

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