Folha de S.Paulo

“Estou interessad­a em indivíduos em um contexto de

- NAIEF HADDAD

DE SÃO PAULO

Filho de sobreviven­tes do Holocausto, Eden Fuchs, 57, atuou no Exército de Israel por mais de 25 anos e se aposentou como coronel. Apesar de sempre ter vivido próximo aos território­s palestinos, ele nunca havia se encontrado com um habitante das áreas ocupadas até fazer 45 anos.

Filho de moradores de um campo de refugiados, o palestino Ibrahim Issa, 47, tinha 14 anos quando foi atingido por um tiro de um soldado do país vizinho. No hospital, porém, foi socorrido por um médico israelense.

Trajetória­s distintas não impediram que Eden e Ibrahim aderissem à mesma organizaçã­o humanitári­a, o CEF (Center for Emerging Futures). Hoje grandes amigos, eles se tornaram gerentes da entidade, cuja sede fica nos Estados Unidos.

Eden e Ibrahim estão entre os principais nomes do documentár­io “Hotel Everest”, dirigido pela brasileira Claudia Sobral, 52. O média-metragem de 40 minutos ganha primeira exibição na América Latina no Festival de Cinema Judaico de São Paulo.

No hotel Everest, em Beit Jala, cidade da Cisjordâni­a, a CEF promove encontros entre palestinos e israelense­s. São essas reuniões informais, em que todos são encorajado­s a compartilh­ar suas experiênci­as, o tema do segundo filme da documentar­ista e antropólog­a Claudia Sobral, que vive em Los Angeles (EUA).

Em 2012, a diretora, integrante da terceira geração de uma família de sobreviven­tes do Holocausto, lançou “Os Fantasmas do Terceiro Reich”, sobre descendent­es de oficiais nazistas. MUROS E CONEXÃO guerra e ainda assim dispostos a se arriscar para encontrar conexão com a humanidade do ‘outro’”, afirma a diretora à Folha.

Ao longo das filmagens, em 2014 e 2015, a expansão dos assentamen­tos na Cisjordâni­a e os muros que separam israelense­s e palestinos chamaram a atenção de Claudia. Mas não só. “Me incomodava também a falta de perspectiv­a de um futuro melhor para as crianças que nascem e crescem nos campos de refugiados”, diz.

Seis meses depois do início da produção, em julho de 2014, eclodiu a guerra na Faixa de Gaza. Naquele momento, que Claudia considera o mais difícil para a realização de “Hotel Everest”, os participan­tes do filme, de ambos os lados, foram tomados pelo desespero.

“Aquela nova realidade me fez questionar: meu filme poderia transmitir qualquer mensagem autêntica de paz em tempos tão tenebrosos? Me dei conta de que o cenário terrível ao nosso redor apenas reforçava a necessidad­e de dar voz ainda mais forte a indivíduos comprometi­dos com uma realidade QUANDO exibições na sexta (4), às 16h30, no CineSesc, e sábado (5), às 16h30, na Hebraica QUANTO R$ 30 (Hebraica) e R$ 12 (CineSesc) das Rosas e teatro Eva Herz (Livraria Cultura) PROGRAMAÇíO COMPLETA hebraica.org.br/fcjsp

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Fotos Divulgação Palestina e israelense em praia de Tel Aviv em cena do documentár­io ‘Hotel Everest’, que será exibido em São Paulo

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