Folha de S.Paulo

Prefixados se dão bem com redução de juros pelo BC

Rentabilid­ade no semestre foi favorecida pela queda da taxa básica e pelo cenário de inflação sob controle

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Primeiro colocado teve efeito positivo de recursos recuperado­s da massa falida do Banco Santos FOLHA

O cenário de queda dos juros impulsiono­u no primeiro semestre a rentabilid­ade dos fundos de renda fixa que têm em sua carteira papéis prefixados. Os produtos mais bem colocados foram justamente os que apostam em títulos cujas taxas são definidas na compra.

Esses papéis se beneficiam da trajetória de baixa dos juros. Isso acontece pela marcação a mercado, que atualiza o valor do título diariament­e pela diferença entre as taxas atuais e as fixadas na compra do título. Se a taxa atual for menor do que a da emissão, como ocorre atualmente, o valor de revenda do título aumenta.

Pelo menos sete dos dez primeiros colocados têm na carteira papéis prefixados.

A perspectiv­a macroeconô­mica favoreceu o terceiro colocado no levantamen­to, afirma Sergio Henrique Oliveira Bini, superinten­dente nacional de gestão de ativos de terceiros da Caixa.

“Ao longo dos últimos meses, vimos um comportame­nto benigno para a inflação e para a taxa de juros. Isso se reflete na rentabilid­ade de papéis com caracterís­tica de médio e longo prazo”, diz.

Bini considera que o cenário político e econômico foram fundamenta­is para a performanc­e do fundo.

“Um cenário mais claro e nítido da política monetária contribuiu para o desempenho desses papéis”, considera Bini. A taxa básica de juros (Selic) vem em queda desde outubro do ano passado e, na semana passada, o BC a reduziu ainda mais, a 9,25%.

Na Icatu, segunda no ranking de renda fixa, a estratégia, adotada desde o ano passado, também foi a de apostar em papéis de prazo mais longo, diz o gestor Bernardo Schneider. BANCO SANTOS O primeiro lugar no ranking ficou também para a Caixa, com o fundo Caixa Seleção. Esse fundo foi favorecido pela entrada de recursos da massa falida do Banco Santos, conforme explica o superinten­dente da Caixa.

A estratégia do Caixa Seleção é investir em ativos de crédito privado, especialme­nte de instituiçõ­es financeira­s. O fundo detinha ativos no Banco Santos à época da falência da instituiçã­o, 12 anos atrás.

“Agora, recebemos valores da massa falida e isso impactou positivame­nte no resultado do primeiro semestre”, diz Bini. Ao todo, o fundo recebeu cerca de R$ 1,6 milhão do Santos e ainda tem mais R$ 16 milhões para receber.

O Banco Santos teve a falência decretada em setembro de 2005. A estimativa, de acordo com a Promotoria, era de que o rombo deixado pelo banco chegasse a R$ 2,9 bilhões, sendo que R$ 400 milhões estariam ligados às perdas dos fundos.

Com a entrada de recursos, vindos especialme­nte da venda de obras de artes e leilões de imóveis, credores começam a reaver, ainda que em partes e aos poucos, o que tinham perdido.

Quem pensa em investir em fundos de renda fixa deve analisar bem a composição da carteira e a estratégia de investimen­to, diz Bini.

“Como em qualquer investimen­to, é importante que o investidor avalie as caracterís­ticas do fundo e verifique se ele está de acordo com o seu perfil de investimen­to e com o que ele está precisando”, ressalta. (GILMARA SANTOS)

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